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VÔLEI
Jaqueline Carvalho, 17, é eleita a melhor atleta do Mundial juvenil e desponta como sucessora da ex-estrela da seleção
Musa teen surge como a nova Ana Moser
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1987, o Brasil conquistou
seu primeiro título mundial juvenil. No time estava Ana Moser, 18
anos e 1,87 m, eleita a melhor jogadora da competição.
Passados 14 anos, a seleção voltou ao topo do pódio -vencera
também em 1989. E Jaqueline
Carvalho, 17, ganhou o status de
melhor do mundo na categoria.
As semelhanças entre as duas
atacantes vão além de uma mera
coincidência de títulos.
"Ela é muito parecida com a
Ana Moser. Hoje, Jaqueline é uma
das três atacantes mais potentes
do Brasil, além de ser completa. É
impressionante ver essa menina
jogando", diz o técnico José Roberto Guimarães, que já lançou a
jogadora na disputa pela vaga de
titular na equipe do BCN/Osasco.
A pernambucana Jaqueline, de
1,86 m, não encanta só pela força
de suas cortadas. No Mundial da
República Dominicana, foi escolhida pela torcida como a musa da
competição e criou entre os torcedores uma histeria que só se vê em
jogos da seleção masculina.
"Acho que eu conquistei o povo
de lá. Quando entrava no ginásio,
a torcida não parava de gritar. Ganhei um monte de presentes, cartas e até pedidos de casamento",
conta, com timidez. "Ficava roxa
de vergonha. As meninas [colegas
de seleção" é que recolhiam os
presentes para mim."
Vaidosa assumida -vai ao treino com os cabelos pretos encaracolados impecavelmente presos
por fivelinhas coloridas-, Jaqueline admite que está sempre "emperequetada". Diz que herdou a
beleza e a vaidade da mãe, Josiane. Quando as duas saíam de casa
juntas, no Recife, eram alvo das
manjadas cantadas masculinas.
"Os homens perguntavam se
éramos irmãs", diverte-se.
Tanto assédio não incomoda a
garota caseira -com um tipo físico que lembra Ana Paula, uma
das maiores musas do vôlei brasileiro-, que gosta de ir ao cinema
e ouvir axé e pagode.
"Quem é vaidoso quer mais é
que os outros notem mesmo. Eu
não me importo, eu gosto de me
arrumar, de ficar bonita..."
Jaqueline teve um início de carreira meteórico. E muito parecido
com o de seu ídolo Ana Moser.
Seu interesse pelo esporte apareceu cedo. Ela jogava vôlei e basquete no Sport Recife até receber
um ultimato da mãe: teria que optar por um dos dois.
Foi então que o Brasil perdeu
uma armadora e ganhou uma
promissora atacante de ponta.
Na disputa de seu primeiro
Campeonato Brasileiro, já foi
convocada pela primeira vez para
a seleção infanto e recebeu convite para jogar em Osasco.
Assim como Ana Moser -natural de Blumenau (SC)-, Jaqueline teve que sair da casa dos pais
para se dedicar ao esporte.
Em 1999, deixou para trás a família e sua cidade para morar
com outras jogadoras da equipe
juvenil do time paulista.
"Quando a oportunidade surgiu, vi que não poderia recusar.
No começo, eu chorava todos os
dias, minha mãe ficou triste. Mas
agora já me acostumei."
Em meio a viagens que fez com
o time paulista, uma vez encontrou Ana Moser no aeroporto.
Guarda a lembrança como um
dos momentos mais emocionantes de sua vida esportiva.
"Ela falou que era para eu seguir
assim, que estava no caminho certo. Fiquei toda arrepiada. Não
acreditava que era ela. A Ana Moser e a Fernanda Venturini, com
certeza, são as melhores."
A beleza de Jaqueline não fez sucesso só na República Dominicana. A jogadora conquistou um
dos mais cobiçados atletas da nova geração: namora há dois anos
Murilo, também campeão mundial juvenil neste ano.
O jogador atua pelo Banespa e é
o principal responsável pelos gritos histéricos das torcedoras nas
partidas do time. "Tenho que
aguentar o assédio e os gritos nos
jogos. Eu não gosto muito, mas
entendo. Se fosse brigar sempre
por causa disso, o namoro não teria durado um mês", afirmou.
Murilo comemora o sucesso da
namorada e diz que sabe controlar o ciúme. "Eu jogo também e
sei como é. Não adianta esquentar
a cabeça. Além disso, sempre digo
que a Jaqueline vai virar musa,
mas ela não gosta muito".
Os dois se conheceram em um
jogo do time juvenil do Osasco
que Murilo foi assistir. Segundo
ele, foi amor à primeira vista.
Jaqueline nem bem voltou ao time da Grande São Paulo e já está
tendo a chance de atuar ao lado de
jogadoras da seleção adulta, como
Janina, Virna e Ricarda.
Seu próximo objetivo é se firmar como titular do time e jogar a
Superliga para continuar repetindo os passos de Ana Moser, que
disputou sua primeira Olimpíada
em Seul-88, ano seguinte à conquista do Mundial juvenil.
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