DA REPORTAGEM LOCAL

A Fifa estuda limitar o número de partidas que um atleta pode fazer em uma temporada. O responsável pela área médica do órgão máximo do futebol, Jiri Dvorak, defende que tal limitação tem de ser urgentemente debatida e colocada em prática em nome da "saúde do esporte".
A entidade está preocupada com os casos excessivos de fadiga muscular seguida de graves contusões devido à desmedida carga de jogos a que um atleta tem sido exposto nos principais torneios.
Durante o último Mundial, a Fifa realizou uma pesquisa secreta com os médicos das 32 seleções. A idéia era avaliar o número de contusões e suas prováveis causas.
O número a que a entidade chegou, terminada a Copa, foi o seguinte: 171 contusões foram verificadas nos 64 jogos do torneio, sendo que 27% das lesões vieram de jogadas sem contato físico.
A conclusão da Fifa é a de que um a cada quatro atletas chegou ao Mundial apresentando precárias condições físicas.
"Muitos dos grandes jogadores que o mundo queria ver no Mundial não estiveram em campo", afirmou Dvorak ao jornal dominical britânico "The Observer".
O caso mais notável é o do francês Zidane. Ídolo da seleção campeã de 1998, participou só de uma partida da fracassada campanha de seu time no Mundial -a derrota de 2 a 0 contra a Dinamarca. E entrou em campo baleado.
Zidane entrou em campo pelo Real Madrid 53 vezes, na temporada 2001/2002. A apenas 16 dias da estréia da França no Mundial 2002, ele fez o gol que deu o título da Copa dos Campeões para o Real Madrid. A cinco dias da abertura, em um amistoso contra a supermotivada seleção da Coréia do Sul, a coxa esquerda do craque francês estourou.
"Nos melhores clubes europeus, alguns jogadores chegam a jogar 70 partidas por ano. Detectamos o problema das contusões e o custo que elas representam", disse o médico da Fifa ao jornal inglês.
Se o estudo da limitação de jogos começou a ter relevância depois do Mundial, a idéia ganha mais força ainda depois do ocorrido com outro jogador francês, o meia Patrick Vieira, do Arsenal.
O atleta, que jogou 66 partidas na última temporada, implorou por um descanso à diretoria de seu clube. "Estou estourado. Às vezes nem consigo ficar de pé. Dói em todo lugar", disse o jogador.
No Brasil, os atletas atuam ainda mais. Ontem, Rogério desfalcou o Corinthians pela primeira vez no ano (lesão muscular). Ele já fez 51 partidas no ano -em outros anos, superou 70 jogos. (LÚCIO RIBEIRO e RODRIGO BUENO)


Texto Anterior: Leão deverá manter equipe contra o Gama
Próximo Texto: Panorâmica: Futebol: Ronaldo diz que não terá desculpa caso não faça gols
Índice