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FUTEBOL
A via-crúcis do Palmeiras
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Quando um clube de massa
como o Palmeiras enfrenta
uma crise persistente como a
atual, é difícil escapar à tentação
de encontrar uma causa, um culpado, uma saída milagrosa. Mas
o fato é que não existe só uma
causa, um culpado ou uma saída.
Cabeças já rolaram no Parque
Antarctica e provavelmente vão
continuar rolando. A torcida agora pede a do presidente Mustafá
Contursi.
Claro que o afastamento do cartola seria salutar para o clube,
mas não iria tirá-lo automaticamente da má fase, assim como
não adiantaram nada as várias
trocas de técnico ocorridas desde
o início do atual campeonato.
Tampouco é a falta de bons jogadores o problema palmeirense.
O elenco alviverde é melhor do
que pelo menos uns dez times que
estão à sua frente na tabela de
classificação.
A crise palmeirense é resultado
da soma de pequenos traumas,
erros e acasos, que se potencializaram uns aos outros.
Primeiro, houve uma política
precipitada de dispensa de jogadores, ainda na gestão Luxemburgo. A saída simultânea dos volantes Claudecir, Magrão e Galeano não foi uma jogada inteligente.
Em seguida, veio a deserção
abrupta do próprio Luxemburgo,
que ajudou a desestabilizar o time no início do campeonato. Para completar, vieram as sucessivas contusões de jogadores importantes para o bom funcionamento da equipe: Zinho, Pedrinho, Lopes, Arce. Resultado: o
Palmeiras nunca pôde contar
com seu elenco ideal no torneio.
Na partida de sábado, contra o
Figueirense, o time foi um retrato
de todo esse processo: intranquilo,
invertebrado, com pouca capacidade de criação de jogadas e de
reação a um resultado adverso.
Do ponto de vista tático, o Palmeiras, sem Zinho e/ou Pedrinho,
é um time dividido em duas metades estanques: a parte de trás,
com três zagueiros e dois cabeças-de-área, e a parte da frente, com
três atacantes aos quais a bola
nunca chega redonda.
A correção desse descompasso
depende da volta de Zinho (ou
Pedrinho) ao time, mas, mesmo
assim, será complicada em razão
do clima de tensão e insegurança
que toma conta dos atletas.
Diante desse quadro, a torcida
alviverde teria de ter uma certa
paciência -justamente algo que
parece ter-se esgotado no Parque
Antarctica.
Atlético-PR 1x1 São Paulo foi
um jogo quente e equilibrado,
que colocou frente a frente dois
dos mais fortes candidatos ao título. (Sim, eu sei que eles estão na
rabeira da zona de classificação,
mas a tendência é que subam).
Apesar do domínio territorial
do Atlético, o São Paulo conseguiu criar -nos contra-ataques- um número equivalente
de chances de gol.
Mas, justamente por enfrentar
um adversário bem armado e de
boa qualidade técnica, o tricolor
deixou à mostra suas principais
deficiências: uma certa insegurança da zaga (mesmo jogando
com três beques, como ontem) e a
fraqueza de seus alas, que ontem
levaram um baile dos atleticanos
Alessandro e Fabiano.
Outra coisa: sem Kaká, o São
Paulo é uma equipe quase comum, no tocante à criação de jogadas. Fica faltando a centelha de
ousadia, a aposta no inesperado.
A boa notícia é que Ricardinho
começou a engrenar -e fez um
lindo gol.
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