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Herdeiros de ícones fazem o Fla sonhar
Longe da Gávea, onde ídolos foram revelados, eles povoam categorias de base; filho de Bebeto defende a seleção sub-13
Jovens promessas passam desde cedo por trabalho psicológico no clube para não sofrerem demais com as inevitáveis comparações
TONI ASSIS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Mozer, Leonardo, Júnior
Baiano, Djalminha, Bebeto,
Paulo Nunes e Adriano são parte do passado do Flamengo. Os
filhos de Mozer, Leonardo, Júnior Baiano, Djalminha, Bebeto
e Paulo Nunes, além de um primo de Adriano, são o presente.
Mais que isso, apostas do clube.
Uma segunda linhagem de
flamenguistas históricos, privilegiada não só pela genética,
mas também pela condição social. É em carrões que os miniastros chegam ao CT de Vargem Grande, na periferia do
Rio, longe da Gávea, que formou os ex-craques. E os pais
que levam os filhos buscam a
discrição. Como Bebeto.
Ao deixar o filho Mattheus e
ser avisado pelo segurança de
que a reportagem gostaria de
uma entrevista, o ex-atacante
não quis falar. Fechou o vidro,
manobrou a Pajero e partiu.
Mas nem todos têm essa
preocupação. Rose Nascimento, tia de Adriano e mãe de Pedro, atleta do mirim, estava como no quintal de sua casa. Ao
lado de pais anônimos, falou
das aspirações do rebento.
"Ele adora o Adriano e fala
muito com o primo. Quando ele
não vem ao Brasil no fim do
ano, vamos para a Itália."
No CT de Vargem Grande, a
lista de filhos de ex-jogadores
segue, na maioria das vezes, a
influência dos pais. É o caso do
volante e zagueiro Daniel, 15, filho de Mozer, que está no infantil. Na mesma faixa etária,
Paulo Nunes vê o pupilo Luan
seguir seus passos no ataque.
Na categoria mirim, de garotos nascidos em 94 e 95, a tendência prevalece. Pedro busca
ser artilheiro, como o primo foi
na Itália. Patrick, filho do zagueiro Júnior Baiano, e Lucas,
filho do ex-meia Leonardo, tentam copiar os pais atuando nas
mesmas faixas de campo.
Como toda regra tem exceção, há os que ousam desafiar
as características paternas. E
nesse caso estão incluídos os filhos de Djalminha e Bebeto.
Diego, também chamado de
Diego Dias, não é canhoto como o pai, Djalminha, e prefere o
ataque ao meio-campo. Com
uma vasta cabeleira, estilo
black power, no primeiro contato ele revela estar preparado
para a inevitável cobrança.
"Eu sou eu. Meu pai é meu
pai. Deixa eu chegar no profissional primeiro para depois ficar comparando", falou ele.
Mattheus, cujo nascimento
foi "anunciado" pelo pai após
gol no épico Brasil 3 x 2 Holanda na Copa de 1994, faz questão
de mostrar que Bebeto é coisa
do passado. Cabeludo, canhoto
e bom nas assistências, o meia
chiou no coletivo. "Passa a bola,
pô! Quer fazer tudo sozinho?"
Ao lado de Pedro, Mattheus
já sabe o que é defender o país.
Convocado para a seleção sub-13, jogou o Torneio Mediterrâneo, realizado na Espanha.
Segundo Rivellino Serpa,
coordenador técnico do CT, um
trabalho psicológico está sendo
feito para que os garotos não
sofram com comparações.
Entre as mães, a preocupação também é grande. Denise,
mulher de Bebeto, diz que o filho sabe bem o que enfrentará.
"O Bebeto é muito crítico com
ele. E, mesmo não sendo da
mesma posição que o pai, o
Mattheus sabe que sempre vai
ser comparado ao Bebeto."
Invicto na primeira fase do
Estadual, o time mirim venceu
11 dos 12 jogos e se classificou
em primeiro -69 gols marcados e quatro sofridos.
Mas, apesar dos números, a
prioridade nessa categoria não
é ganhar títulos. "Investimos
na formação. O garoto tem de
estar preparado para saber ganhar e perder", disse Serpa.
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