São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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Urnas desenham a terceira divisão

Políticos envolvidos na próxima eleição municipal movem as zebras da mais importante edição da Série C da história

Equipes que recebem ajuda de prefeituras e governos desbancam favoritos na luta pelo acesso ou pela vaga na terceira divisão em 2009


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
GUSTAVO ALVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As eleições municipais têm um papel decisivo na mais importante edição da história da terceira divisão do Brasileiro.
Além das quatro vagas na Série B, o torneio, que está na sua penúltima fase, vale também para definir a enxuta edição do ano que vem, que passará a ter, com a criação pela CBF da quarta divisão, só 20 equipes, contra 64 do formato atual.
Clubes nanicos, impulsionados por políticos e cartolas com interesse nas eleições do próximo dia 5, deixaram para trás rivais de muito mais tradição e popularidade. Santa Cruz, Remo e Paulista são algumas das equipes já eliminadas do torneio e que ainda terão que contar com seletivas estaduais para jogar a Série D em 2009.
Na luta pelo acesso à segunda divisão e/ou já garantidos na Série C estão Águia de Marabá, Rio Branco-AC, Salgueiro-PE, Ituiutaba-MG, Marcílio Dias-SC e Duque de Caxias-RJ.
Todos eles têm a política dos municípios em seus cotidianos. Verbas estatais irrigam seus cofres. E, na eleição, o sucesso nesta Série C é esperança de dividendos nas urnas.
O Rio Branco lidera seu grupo na terceira fase e é a melhor chance do Acre chegar pela primeira vez à Série B. A equipe é bancada quase que integralmente pelo governo do Estado, controlado pelo PT há muito tempo -se o time chegar no octogonal, serão quase R$ 400 mil repassados ao clube.
Mas o petista Raimundo Angelim, prefeito de Rio Branco, também surfa na boa fase do time. Ele é figura fácil na Arena da Floresta, o moderno estádio bancado pelo Estado.
Segundo Natalino Xavier, presidente do Rio Branco, já está acertado que, caso Angelim consiga se reeleger, a prefeitura dará ajuda financeira para o clube no ano que vem.
Nos casos de Marcílio Dias e Duque de Caxias, os prefeitos das suas cidades, ambos candidatos à reeleição, também são "presidentes de honras" dos clubes de futebol.
O peemedebista Washington Reis de Oliveira é também o fundador do Duque de Caxias, o que aconteceu há três anos, quando ela já era o prefeito.
Segundo Luis Carlos Martins Arêas, presidente do clube, a prefeitura da cidade da Baixada Fluminense não dá suporte financeiro à equipe. Mas, segundo o site oficial da agremiação, a prefeitura aparece como o principal patrocinador do time.
Em Itajaí, cidade catarinense que é a sede do Marcílio Dias, o prefeito Volnei Marastoni (PT), que também tenta no dia 5 um novo mandato, diz que só ajuda o time como pessoa física. Até tentou patrocinar o clube por meio do Departamento de Água e Esgoto do município, mas a Justiça vetou.
Em Ituiutaba, no interior mineiro, o prefeito Fued José Dib (PR) não ajuda o clube da cidade só abrindo os cofres.
Neste ano, ele já decretou ponto facultativo na cidade duas vezes para o funcionalismo público poder assistir aos jogos do clube.
"Solicitamos o ponto facultativo e ele achou que era bom. Então ele fez", diz Rone Moraes da Costa, o presidente do clube.
Em Marabá, a surpreendente campanha do Águia fez o presidente do clube, Sebastião Ferreira Neto, pedir licença para cuidar da sua candidatura à vice-prefeitura da cidade, que repassou a "título de incentivo financeiro" R$ 50 mil para o time antes do início da Série C.
"É claro que a boa campanha do time pode ajudar na campanha", diz João Galvão, o presidente interino do Águia.


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