São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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Corte ouve Hamilton, mas decisão só sai hoje

"Vim porque queria que soubessem a verdade", afirma o inglês após audiência

McLaren mostra gravação em que diretor da prova diz duas vezes que devolução de posição a Raikkonen no GP da Bélgica foi válida


TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

Passava pouco das 9h quando Lewis Hamilton, mochila em uma mão, celular em outra, saiu do elevador que levava à Salle du Comité, no quinto andar da sede da FIA em Paris.
A menos de uma semana do GP de Cingapura, 15ª de 18 etapas do Mundial de F-1, o piloto da McLaren interrompeu sua preparação para depor ante à Corte de Apelações da entidade, para tentar reaver a vitória no GP da Bélgica, no último dia 7, quando foi punido depois da prova por cortar uma chicane.
Mas, após quase seis horas de depoimentos, Hamilton foi para o aeroporto sem saber se o esforço valeu a pena, já que o resultado só sairá hoje.
"Estou muito orgulhoso do trabalho do meu time e foi incrível ver como todos se esforçaram", disse, logo após o juiz Philippe Narmino, da Corte de Apelações, encerrar a sessão.
"Poderia muito bem não ter vindo, pois tenho coisas melhores para fazer, mas era um assunto muito importante para mim. Acredito que fui injustamente punido", falou ele, que pela primeira vez participou ativamente de um julgamento.
A audiência ocorreu após apelo da McLaren, por discordar do drive-through imposto a ele -como aconteceu a menos de cinco voltas do fim do GP, foi convertido em 25 segundos de acréscimo ao tempo final.
A manobra polêmica ocorreu a três voltas do fim da corrida belga, quando ele tentou ultrapassar Kimi Raikkonen pela liderança. Após frearem lado a lado na primeira curva da chicane, o inglês cortou a segunda e voltou à pista na frente.
Na seqüência, devolveu o posto, mas na curva seguinte obteve nova ultrapassagem, o que fez os comissários julgarem que ele não havia devolvido totalmente a vantagem ganha.
Segundo estudos mostrados ontem por Nigel Tozzi, advogado da Ferrari, a volta de Hamilton teve 16 metros a menos do que se ele tivesse feito a curva.
De acordo com a McLaren, no entanto, o inglês só cortou a chicane porque não tinha outra opção e devolveu inteiramente a vantagem a Raikkonen.
A McLaren também mostrou gravação do rádio em que perguntou a Charlie Whiting, diretor da prova, após a ultrapassagem, se a devolução de Hamilton bastava. Ele disse duas vezes que acreditava que sim.
Órgão independente, a Corte de Apelações também ouviu a FIA. "Para nós é muito claro. Ele ganhou posição que não teria se tivesse usado só a pista. Se estava tão seguro de que passaria facilmente como disse em depoimento, poderia ter devolvido o posto e passado de novo", falou Paul Harris, da FIA.
Apesar de estar no avião rumo a Cingapura quando sair a decisão, hoje, Hamilton se disse feliz. "Vim porque queria que soubessem a verdade."
"Independentemente do resultado, tenho um ponto de folga na liderança e não mudarei minha maneira nas próximas etapas. Entrarei para vencer", disse ele, que, não fosse a punição, teria sete pontos sobre Felipe Massa, herdeiro da vitória.


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