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sem fim
Mais três atletas de elite são flagrados no doping
Representantes da equipe BM&F teriam injetado até remédio para cavalo
Brasileiros que testaram positivo no Sul-Americano podem ser suspensos e ficar até dois anos afastados das competições da modalidade
JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o atletismo nacional, o
ano de 2009 vai ficar marcado
pelos escândalos de doping.
Com o cerco montado pela
Confederação Brasileira de
Atletismo (CBAt) e o aumento
do número de exames e testes-
-surpresa, já foram registrados
14 casos até o momento.
Ontem, foram revelados
mais três testes positivos envolvendo alguns dos principais
técnicos e equipes do país.
Treinado pelo campeão
olímpico Nélio Moura na Rede
Atletismo, Leonardo Elisiário
dos Santos, do salto triplo, foi
flagrado com o anabolizante
sintético estanozolol e seus
metabólitos no Sul-Americano
de Lima, no Peru, em junho.
Na mesma competição, João
Gabriel Santos Souza e Fernanda Gonçalves, companheiros
na equipe BM&F, testaram positivo para boldenona e exemestane, substâncias que só estão presentes no organismo
humano quando injetadas.
Em geral presente em remédios para cavalos, a boldenona é
encontrada em produtos veterinários. Já a exemestane atenua os efeitos colaterais, como
o crescimento da mama, da outra substância injetada.
João Gabriel, que compete
no salto com vara, treina com
Fabiana Murer e o técnico Elson Miranda, enquanto que
Fernanda, do salto em distância, é pupila de Neilton Moura.
A suspensão dos envolvidos
pode chegar até a dois anos.
"O fato de as equipes possibilitarem uma remuneração melhor faz com que alguns atletas
optem, infelizmente, por esse
caminho. É algo lamentável",
analisou Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAt.
Os exames foram feitos a pedido da confederação, que enviou as amostras para o laboratório credenciado da Agência
Mundial Antidoping (Wada)
em Montréal, no Canadá.
"Na América do Sul, muitos
países não têm laboratório e até
kits de coleta de material. Fizemos um convênio para preservar a integridade do atletismo
continental e por isso a confederação brasileira fez os exames", justificou Gesta.
Os três atletas tiveram de
apresentar ontem as suas defesas, e todos pediram as contraprovas. Elisário, que competiu
no Mundial de Berlim, quebrou
o termo de confidencialidade,
em que o caso pode ficar sob sigilo até a divulgação do resultado do segundo exame.
Em e-mail enviado à CBAt, o
atleta eximiu o treinador Nélio
Moura e assumiu toda a culpa.
Já os atletas da BM&F só vão
se pronunciar após o comunicado oficial da confederação.
"Agora, vamos ver como foi
feito o procedimento com o
médico, se tudo transcorreu da
maneira correta, e vamos pedir
a contraprova. Os atletas garantem que não tomaram nada.
Cada técnico tem o atleta em
que confia mais, e, nestes casos,
os dois treinadores estão muito
seguros", disse Sergio Coutinho, diretor técnico da BM&F.
Seguindo as instruções da
equipe, Elson evitou o assunto.
Apenas relatou a sua confiança
no pupilo. "Só sei que ele se colocou na posição de inocente."
Os escândalos, porém, não
param aí. Mais uma atleta deve
ser advertida nesta semana pela CBAt por ter ingerido uma
substância presente na lista da
Wada, e dois fundistas, que teriam sido flagrados no doping,
aguardam a contraprova.
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