São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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sem fim

Mais três atletas de elite são flagrados no doping

Representantes da equipe BM&F teriam injetado até remédio para cavalo

Brasileiros que testaram positivo no Sul-Americano podem ser suspensos e ficar até dois anos afastados das competições da modalidade

JOSÉ EDUARDO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o atletismo nacional, o ano de 2009 vai ficar marcado pelos escândalos de doping.
Com o cerco montado pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e o aumento do número de exames e testes- -surpresa, já foram registrados 14 casos até o momento.
Ontem, foram revelados mais três testes positivos envolvendo alguns dos principais técnicos e equipes do país.
Treinado pelo campeão olímpico Nélio Moura na Rede Atletismo, Leonardo Elisiário dos Santos, do salto triplo, foi flagrado com o anabolizante sintético estanozolol e seus metabólitos no Sul-Americano de Lima, no Peru, em junho.
Na mesma competição, João Gabriel Santos Souza e Fernanda Gonçalves, companheiros na equipe BM&F, testaram positivo para boldenona e exemestane, substâncias que só estão presentes no organismo humano quando injetadas.
Em geral presente em remédios para cavalos, a boldenona é encontrada em produtos veterinários. Já a exemestane atenua os efeitos colaterais, como o crescimento da mama, da outra substância injetada.
João Gabriel, que compete no salto com vara, treina com Fabiana Murer e o técnico Elson Miranda, enquanto que Fernanda, do salto em distância, é pupila de Neilton Moura.
A suspensão dos envolvidos pode chegar até a dois anos.
"O fato de as equipes possibilitarem uma remuneração melhor faz com que alguns atletas optem, infelizmente, por esse caminho. É algo lamentável", analisou Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAt.
Os exames foram feitos a pedido da confederação, que enviou as amostras para o laboratório credenciado da Agência Mundial Antidoping (Wada) em Montréal, no Canadá.
"Na América do Sul, muitos países não têm laboratório e até kits de coleta de material. Fizemos um convênio para preservar a integridade do atletismo continental e por isso a confederação brasileira fez os exames", justificou Gesta.
Os três atletas tiveram de apresentar ontem as suas defesas, e todos pediram as contraprovas. Elisário, que competiu no Mundial de Berlim, quebrou o termo de confidencialidade, em que o caso pode ficar sob sigilo até a divulgação do resultado do segundo exame.
Em e-mail enviado à CBAt, o atleta eximiu o treinador Nélio Moura e assumiu toda a culpa.
Já os atletas da BM&F só vão se pronunciar após o comunicado oficial da confederação.
"Agora, vamos ver como foi feito o procedimento com o médico, se tudo transcorreu da maneira correta, e vamos pedir a contraprova. Os atletas garantem que não tomaram nada. Cada técnico tem o atleta em que confia mais, e, nestes casos, os dois treinadores estão muito seguros", disse Sergio Coutinho, diretor técnico da BM&F.
Seguindo as instruções da equipe, Elson evitou o assunto. Apenas relatou a sua confiança no pupilo. "Só sei que ele se colocou na posição de inocente."
Os escândalos, porém, não param aí. Mais uma atleta deve ser advertida nesta semana pela CBAt por ter ingerido uma substância presente na lista da Wada, e dois fundistas, que teriam sido flagrados no doping, aguardam a contraprova.


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