Um pouco de água no chope da festa do bi

DE NADA valeram as declarações sem sal e politicamente corretas de dirigentes, técnicos e de Vettel na chegada a Cingapura.
Vazou a informação de que um salão do Swissôtel, às margens da pista, já foi reservado para a possível festa do bicampeonato mundial, neste domingo.
Como se não bastasse, Mateschitz, o dono do império Red Bull, chutou o balde: "É claro que vamos ganhar os dois títulos". Vão mesmo.
Se não for em Cingapura, será no Japão. Em caso de tragédia, na Coreia do Sul.
As estatísticas são massacrantes. Nos 13 GPs disputados no ano, oito vitórias da Red Bull (todas de Vettel) e 13 poles (dez do alemão). Mais: o Mundial já percorreu 778 voltas, Vettel liderou 521 (67%).
A F-1 já viu casos de equipes com brilhos fugazes, resultado de um dos três fatores: investimento pesado, alguma genial sacada técnica ou o talento de um piloto.
A Red Bull supera a média das aventureiras e alcança o bi justamente por unir um saco sem fundo de dinheiro a um forte departamento técnico e a um Vettel endiabrado. Tudo ao mesmo tempo agora.
É o mais estrondoso caso de sucesso de uma plataforma-de-marketing-disfarçada-de-equipe. Ironicamente, o avesso do que a antecedeu, a fracassada Jaguar.
Aí está o perigo. Imagine a F-1 em dez anos. McLaren e Ferrari estarão lá, certo? Red Bull, não se sabe.
Para Mateschitz, a missão pode estar cumprida com mais um ou dois títulos. Com a F-1 já conquistada, pode parecer mais vantajoso abrir suas asas em outro esporte.
Ferrari sempre foi Ferrari, McLaren sempre foi McLaren. A Red Bull já foi Jaguar. Para voltar a ser coisa parecida, basta uma decisão do dono.
A festa pelo bicampeonato, onde quer que aconteça, será merecida. Mas, paradoxalmente, soará também como mais um passo para o fim, ainda que o caminho à frente seja longo.

F-1
MARCA INÚTIL
A última edição da "Autosprint" traz um levantamento interessante. Sabe qual é a equipe que mais venceu corridas nos últimos cinco anos? A McLaren. A escuderia inglesa tem 25 vitórias, seguida por Ferrari (24) e Red Bull (23). O saldo? Só o título de Hamilton, em 2008. É o que se pode chamar de ineficiência, falta de foco ou "muito barulho por nada".

F-1
VAGA COBIÇADA
Raikkonen visitou a Williams, e é claro que não foi para conhecer o belo museu da equipe. Em Cingapura, Barrichello negou estar preocupado. É evidente, porém, que sua situação está cada vez mais difícil. Além do campeão de 2007, Bruno, Sutil e Van der Garde estão de olho na vaga dele. Todos os quatro com o que o veterano não tem: patrocinadores.


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