São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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Só Barrichello acorda Interlagos

Bairro paulistano que abriga o GP Brasil, última etapa da temporada, vê brasileiro fazer melhor tempo no primeiro dia de testes em meio a pasmaceira atípica às vésperas da prova

FÁBIO SEIXAS
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL

FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC

A corrida mudou de data, o Mundial já está decidido, há outros eventos pela cidade. No cruzamento da marginal Pinheiros com a avenida Interlagos, lotada de vendedores ambulantes nos últimos anos, ninguém. Também não há placas da prefeitura indicando caminhos para o autódromo, tampouco a habitual multidão de guardadores de carros.
Só mesmo a primeira posição de Rubens Barrichello para despertar Interlagos. Ele conseguiu ontem, nos primeiros treinos livres. E tentará hoje, a partir das 13h, na sessão que define o grid de largada do GP Brasil, 17ª e última etapa da temporada da F-1.
"Comecei bem e estou supersatisfeito, mas temos que ir com calma. O clima pode mudar, muita coisa ainda vai acontecer. Mas o que Deus reservou para a gente no fim de semana já está reservado", disse, sorrindo, cercado por repórteres, enquanto uma pequena turma na arquibancada entoava o "Rubinho, Rubinho".
Ali, na frente dos boxes, a cena foi parecida com a do ano passado, quando ele cravou a pole. No entorno do circuito, porém, o cenário era outro. Irreconhecível.
Apesar de os 70 mil ingressos para a prova de amanhã estarem esgotados, tradição dos últimos GPs Brasil, o primeiro dia de treinos não mexeu com Interlagos.
Um dos poucos vendedores que se aventuraram pelas cercanias do autódromo, Fágner Zilio tinha a esperança de vender pelo menos 30 bonés da Ferrari. Até o fim da primeira sessão, não tinha vendido nenhum. "Antes vinha mais gente, o pessoal comprava bastante. Era mais movimentado."
Sem clientes para atender, Adílson Garcia Cardoso conversava com amigos na manhã de ontem. "O interesse pela corrida diminuiu com o campeonato já decidido. Acho que quem está indo é só porque gosta do esporte, não pela competição", disse ele, gerente de um posto de gasolina na avenida do Jangadeiro, que faz as vezes de estacionamento em época de F-1.
Em sua avaliação, o movimento caiu cerca de 30% em comparação com 2003. "Nos outros anos, a procura por vagas começava já na segunda-feira. Hoje [ontem], só veio cliente para abastecer."
A queda no movimento foi notada por policiais que fazem a segurança da região. "Este ano está bem mais tranqüilo, parece que o pessoal está menos eufórico. Tanto que não tivemos nenhuma grande ocorrência", afirmou o comandante Verone, que fica todos os anos em uma Base Comunitária Móvel da Polícia Militar.
A mídia também diminuiu seu interesse pela corrida paulistana.
Foram credenciados 283 jornalistas (repórteres e fotógrafos). Uma redução de 30% em relação ao GP passado, então a terceira etapa do Mundial, quando 400 profissionais se registraram.
O bairro de Interlagos vivia uma manhã quase comum, enfim. Até as 11h, quando foi despertado pelos carros da F-1.
Com a pista ainda suja e pouco aderente, Juan Pablo Montoya, da Williams, foi o mais veloz na primeira sessão, 1min12s547. Em segundo, ficou Ryan Briscoe, piloto de testes da Toyota, a 0s067.
A Ferrari demorava para encontrar um acerto. E terminou com Barrichello em nono, dois postos à frente de Michael Schumacher.
No segundo treino, entretanto, tudo voltou ao normal. Nas arquibancadas, já havia mais gente. E, na pista, a Ferrari reagiu. O dia de Interlagos terminou com Barrichello em primeiro lugar, com o tempo de 1min11s166, seguido pelo alemão, a 0s168. Felipe Massa (Sauber) foi o oitavo. Ricardo Zonta (Toyota), o 14º.


NA TV - Treino oficial para o GP Brasil, Globo, às 13h


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