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Só Barrichello acorda Interlagos
Bairro paulistano que abriga o GP Brasil, última etapa da temporada, vê brasileiro fazer melhor tempo no primeiro dia de testes em meio a pasmaceira atípica às vésperas da prova
FÁBIO SEIXAS
TATIANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO VICTOR
DO PAINEL FC
A corrida mudou de data, o
Mundial já está decidido, há outros eventos pela cidade. No cruzamento da marginal Pinheiros
com a avenida Interlagos, lotada
de vendedores ambulantes nos
últimos anos, ninguém. Também
não há placas da prefeitura indicando caminhos para o autódromo, tampouco a habitual multidão de guardadores de carros.
Só mesmo a primeira posição
de Rubens Barrichello para despertar Interlagos. Ele conseguiu
ontem, nos primeiros treinos livres. E tentará hoje, a partir das
13h, na sessão que define o grid de
largada do GP Brasil, 17ª e última
etapa da temporada da F-1.
"Comecei bem e estou supersatisfeito, mas temos que ir com calma. O clima pode mudar, muita
coisa ainda vai acontecer. Mas o
que Deus reservou para a gente
no fim de semana já está reservado", disse, sorrindo, cercado por
repórteres, enquanto uma pequena turma na arquibancada entoava o "Rubinho, Rubinho".
Ali, na frente dos boxes, a cena
foi parecida com a do ano passado, quando ele cravou a pole. No
entorno do circuito, porém, o cenário era outro. Irreconhecível.
Apesar de os 70 mil ingressos
para a prova de amanhã estarem
esgotados, tradição dos últimos
GPs Brasil, o primeiro dia de treinos não mexeu com Interlagos.
Um dos poucos vendedores que
se aventuraram pelas cercanias do
autódromo, Fágner Zilio tinha a
esperança de vender pelo menos
30 bonés da Ferrari. Até o fim da
primeira sessão, não tinha vendido nenhum. "Antes vinha mais
gente, o pessoal comprava bastante. Era mais movimentado."
Sem clientes para atender, Adílson Garcia Cardoso conversava
com amigos na manhã de ontem.
"O interesse pela corrida diminuiu com o campeonato já decidido. Acho que quem está indo é só
porque gosta do esporte, não pela
competição", disse ele, gerente de
um posto de gasolina na avenida
do Jangadeiro, que faz as vezes de
estacionamento em época de F-1.
Em sua avaliação, o movimento
caiu cerca de 30% em comparação com 2003. "Nos outros anos, a
procura por vagas começava já na
segunda-feira. Hoje [ontem], só
veio cliente para abastecer."
A queda no movimento foi notada por policiais que fazem a segurança da região. "Este ano está
bem mais tranqüilo, parece que o
pessoal está menos eufórico. Tanto que não tivemos nenhuma
grande ocorrência", afirmou o comandante Verone, que fica todos
os anos em uma Base Comunitária Móvel da Polícia Militar.
A mídia também diminuiu seu
interesse pela corrida paulistana.
Foram credenciados 283 jornalistas (repórteres e fotógrafos).
Uma redução de 30% em relação
ao GP passado, então a terceira
etapa do Mundial, quando 400
profissionais se registraram.
O bairro de Interlagos vivia uma
manhã quase comum, enfim. Até
as 11h, quando foi despertado pelos carros da F-1.
Com a pista ainda suja e pouco
aderente, Juan Pablo Montoya, da
Williams, foi o mais veloz na primeira sessão, 1min12s547. Em segundo, ficou Ryan Briscoe, piloto
de testes da Toyota, a 0s067.
A Ferrari demorava para encontrar um acerto. E terminou com
Barrichello em nono, dois postos
à frente de Michael Schumacher.
No segundo treino, entretanto,
tudo voltou ao normal. Nas arquibancadas, já havia mais gente. E,
na pista, a Ferrari reagiu. O dia de
Interlagos terminou com Barrichello em primeiro lugar, com o
tempo de 1min11s166, seguido pelo alemão, a 0s168. Felipe Massa
(Sauber) foi o oitavo. Ricardo
Zonta (Toyota), o 14º.
NA TV - Treino oficial para o
GP Brasil, Globo, às 13h
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