São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2005

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FUTEBOL

Na era dos pontos corridos, resultados alterados pelo STJD seriam suficientes para dar a um time título da Série A

Ativo, tapetão faz campanha de campeão

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os pontos tirados ou dados aos clubes pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) na era dos pontos corridos do Brasileiro são suficientes para produzir o campeão de 2005.
Na contramão de outras potências da bola, em que raramente os resultados dos gramados são modificados nos tribunais, o Brasil viu 88 pontos serem subtraídos ou somados para os totais dos clubes nos últimos três anos depois de ações do STJD -diretas, como em 2003 e 2004, ou indiretas, como agora.
Caso consiga se manter na liderança e com seu aproveitamento atual, o Corinthians será campeão com 87 pontos em 42 partidas ao longo dos dois turnos (já considerando a rodada de ontem, quando o clube venceu o Paraná no estádio do Pacaembu).
Os 88 pontos podem aumentar nos próximos dias, quando serão realizados os três confrontos que ainda restam na lista dos que foram reeditados por culpa do escândalo da arbitragem.
Se mantida a tendência de resultados diferentes dos originais, a pontuação que mudou de dono por ação do tribunal pode bater nos 100, marca alcançada até hoje em um Brasileiro somente pelo Cruzeiro, em 2003.
Nas três edições dos pontos corridos, foram diferentes os motivos da "fúria do STJD".
Em 2003, a culpa foi da falta de organização na inscrição dos jogadores. No ano passado, só o São Caetano rodou, por causa da morte do zagueiro Serginho -o clube do ABC foi punido com a perda de 24 pontos, que dessa vez não foram repassados para os adversários. A atual edição começou com o Brasiliense perdendo pontos para o Vasco por jogar, mesmo sem poder fazer isso, com os portões abertos.
O efeito tapetão já mudou posições importantes -em 2003, o São Caetano só ficou com a vaga na Libertadores com a ajuda de pontos conquistados no STJD.
No ano passado, em compensação, o clube do ABC perdeu uma vaga na Copa Sul-Americana pelos pontos que teve sacados no caso Serginho.

Ar-condicionado
Quem perde no tribunal o que ganhou em campo se revolta.
"Tomar uma decisão dessas dentro de uma sala com ar-condicionado é fácil. Não é ele quem vem aqui treinar todos os dias", afirmou o santista Giovanni, referindo-se a Luiz Zveiter.
O presidente do STJD optou sozinho, no início, pela anulação das 11 partidas apitadas pelo juiz Edilson Pereira de Carvalho, que confessou participar de um esquema de manipulação de resultados.
Zveiter, aliás, esteve quase sempre à frente das decisões que fizeram mudar de mãos 88 pontos em menos de três anos.
Ele diz que só segue o que manda a lei esportiva, mas seu comportamento é muito contestado. Além da revolta de alguns dirigentes e muitos jogadores, pode perder o cargo no tribunal esportivo, já que o Conselho Nacional de Justiça analisa se ele pode acumular o emprego de desembargador com o STJD.
A fúria do tribunal na primeira divisão não acontece com a mesma intensidade nas outras séries.
Até agora, nenhuma partida da atual Série B teve seu resultado mudado no tribunal. Nem mesmo aquelas apitadas por Paulo José Danelon, o outro envolvido no mesmo esquema de arbitragem responsável pela anulação parcial dos duelos da Série A.


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