São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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No adeus, Schumacher exibe frieza de sempre

Heptacampeão mantém seu estilo, arrojado na pista e cafona fora dela

Após seu último show, para o qual se confessou nervoso, recordista de recordes ofusca bicampeão e tem de responder se pensa em voltar

LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ele cometeu erros na pista, não conseguiu o octocampeonato nem o título de construtores e tampouco chegou ao pódio ontem. Mas a performance do alemão Michael Schumacher, que caiu para último lugar e terminou a um posto do pódio na última corrida de sua carreira, ofuscou o título de Fernando Alonso e fez do heptacampeão o nome do GP Brasil.
Tanto que, logo em sua primeira entrevista coletiva como ex-piloto, uma das primeiras perguntas que Schumacher teve que responder foi se ele poderia voltar à F-1 no futuro. "É engraçado. Durante o ano, me perguntaram várias vezes se eu já havia tomado a decisão sobre o futuro. Decidi e anunciei. Agora, já há questões a respeito de uma volta...", disse ele, sem transmitir muita emoção.
Aliás, desde a manhã de ontem, todas as suas declarações foram em um tom bastante sereno. Não houve lágrimas, não houve falas com a voz embargada, o que soaria estranho no último dia de trabalho de um mito do esporte -se este mito não tivesse se notabilizado justamente por sua frieza.
A entonação para falar que nunca sonhara que um dia fosse capaz de tantos feitos quando começou na categoria, no meio da temporada de 1991, foi a mesma que o recordista de recordes do automobilismo usou na protocolar declaração de parabéns ao espanhol que o superou na luta pelo título. Talvez por não saber se o adeus lhe trazia satisfação ou tristeza. "É uma mistura de sensações."
Quando não estava de macacão, usando um par de botas de coro com biqueira de metal e uma calça jeans presa por um cinto com uma grande fivela metálica -no melhor estilo Schumacher, diferente do visual "fashion" dos demais pilotos-, o heptacampeão só deixou o box da Ferrari por meia hora, quando passou em estandes de patrocinadores para compromissos promocionais.
Na garagem, sua mulher, Corinna, aparentava frieza, mais preocupada com suas partidas de gamão do que com as movimentações do marido. De volta ao paddock, Schumacher trancou-se em sua sala no box da Ferrari, vizinha do gabinete de Felipe Massa, mas teve bem menos visitas que o brasileiro.
A diferença por encarar seu último GP ele sentiu ao ser premiado por Pelé, minutos antes da largada e quando gesticulou para um retardatário que atrapalhava sua escalada pelo pelotão. O ex-jogador de futebol revelou que o piloto lhe confessou estar um pouco nervoso por chegar ao fim da carreira.


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