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No adeus, Schumacher exibe frieza de sempre
Heptacampeão mantém seu estilo,
arrojado na pista e cafona fora dela
Após seu último show, para
o qual se confessou nervoso,
recordista de recordes
ofusca bicampeão e tem de
responder se pensa em voltar
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele cometeu erros na pista,
não conseguiu o octocampeonato nem o título de construtores e tampouco chegou ao pódio ontem. Mas a performance
do alemão Michael Schumacher, que caiu para último lugar
e terminou a um posto do pódio
na última corrida de sua carreira, ofuscou o título de Fernando Alonso e fez do heptacampeão o nome do GP Brasil.
Tanto que, logo em sua primeira entrevista coletiva como
ex-piloto, uma das primeiras
perguntas que Schumacher teve que responder foi se ele poderia voltar à F-1 no futuro. "É
engraçado. Durante o ano, me
perguntaram várias vezes se eu
já havia tomado a decisão sobre
o futuro. Decidi e anunciei.
Agora, já há questões a respeito
de uma volta...", disse ele, sem
transmitir muita emoção.
Aliás, desde a manhã de ontem, todas as suas declarações
foram em um tom bastante sereno. Não houve lágrimas, não
houve falas com a voz embargada, o que soaria estranho no último dia de trabalho de um mito do esporte -se este mito não
tivesse se notabilizado justamente por sua frieza.
A entonação para falar que
nunca sonhara que um dia fosse capaz de tantos feitos quando começou na categoria, no
meio da temporada de 1991, foi
a mesma que o recordista de recordes do automobilismo usou
na protocolar declaração de parabéns ao espanhol que o superou na luta pelo título. Talvez
por não saber se o adeus lhe trazia satisfação ou tristeza. "É
uma mistura de sensações."
Quando não estava de macacão, usando um par de botas de
coro com biqueira de metal e
uma calça jeans presa por um
cinto com uma grande fivela
metálica -no melhor estilo
Schumacher, diferente do visual "fashion" dos demais pilotos-, o heptacampeão só deixou o box da Ferrari por meia
hora, quando passou em estandes de patrocinadores para
compromissos promocionais.
Na garagem, sua mulher, Corinna, aparentava frieza, mais
preocupada com suas partidas
de gamão do que com as movimentações do marido. De volta
ao paddock, Schumacher trancou-se em sua sala no box da
Ferrari, vizinha do gabinete de
Felipe Massa, mas teve bem
menos visitas que o brasileiro.
A diferença por encarar seu
último GP ele sentiu ao ser premiado por Pelé, minutos antes
da largada e quando gesticulou
para um retardatário que atrapalhava sua escalada pelo pelotão. O ex-jogador de futebol revelou que o piloto lhe confessou estar um pouco nervoso
por chegar ao fim da carreira.
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