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Desertores vão aos EUA; Cuba, não
DA REPORTAGEM LOCAL
Cuba, por ordem de Fidel
Castro, que teme deserções
nos EUA, proibiu que sua
equipe nacional fosse a Chicago participar do Mundial
amador. O Brasil terá oito representantes na competição.
Já desertores do país caribenho que desenvolvem a
carreira na Europa -são
contratados da firma Arena
Box-Promotion, que financiou a tentativa abortada de
deserção de boxeadores cubanos no Pan do Rio- farão
sua estréia nos EUA justamente neste mês.
Um deles, Yuriorkis Gamboa, enfrentará um brasileiro, Adailton de Jesus, 29, 11º
pena do ranking da AMB, na
próxima terça-feira. O cubano, segundo o manager Ahmet Öner informou à Folha,
embolsará entre US$ 10 mil
e US$ 15 mil, uma fortuna
para um combate em seis assaltos, apenas o sétimo em
sua carreira profissional.
"As apresentações nos
EUA são inevitáveis para que
eles [os desertores] consigam a carreira e as bolsas milionárias que planejo para
eles", argumentou Öner.
O trabalho de bastidores
foi bem costurado. Gamboa
já é o 29º do ranking dos penas do CMB e, em determinadas situações, poderia até
desafiar o colombiano campeão mundial Jorge Linares.
E somente assim os desertores conseguirão manter o
seu atual padrão de vida, que
inclui casas em condomínios
na Alemanha e viagens de férias à Itália e à Turquia. Contraste com a situação de Rigondeaux e Lara, que tentaram fugir no Rio e, de volta a
Cuba, foram ""esquecidos".
Nem sabem se voltarão a
integrar a equipe de Cuba,
apesar de já terem pedido
desculpas públicas e ter manifestado o desejo de voltar a
representar o seu país.
Os demais desertores contratados pela Arena, ambos
também campeões olímpicos, o pesado Odlanier Solis
e o galo Yan Barthelemy, como Gamboa, estão invictos.
Solis é o 39º do ranking.
Ao ser questionado se propicia uma ""vida boa" a seus
protegidos, Öner aproveitou
para ironizar Fidel Castro.
"Todos podem ter uma vida
boa, você tem uma vida boa.
E sabe por quê? Porque você
vive em um país livre. Acho
que Fidel Castro privou seus
atletas de ir ao Mundial porque ficou bravo", afirmou.
"É uma pena, pois seus lutadores são atletas orgulhosos, deveriam ter essa oportunidade. E outra coisa, o boxe é uma profissão dura, perigosa, merece ser bem remunerada", completou ele.
Para Adaílton, não há opções senão deixar o ringue
com as mãos erguidas. Apesar de ranqueado, perdeu
suas duas últimas lutas, ambas contra adversários ranqueados, por decisão por
pontos, em eliminatórias por
títulos, contra o americano
Marcos Ramirez e o panamenho Roinet Caballero.
"Esse combate é muito
importante para mim, após
os últimos resultados, preciso muito da vitória."
(EO)
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