São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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Desertores vão aos EUA; Cuba, não

DA REPORTAGEM LOCAL

Cuba, por ordem de Fidel Castro, que teme deserções nos EUA, proibiu que sua equipe nacional fosse a Chicago participar do Mundial amador. O Brasil terá oito representantes na competição.
Já desertores do país caribenho que desenvolvem a carreira na Europa -são contratados da firma Arena Box-Promotion, que financiou a tentativa abortada de deserção de boxeadores cubanos no Pan do Rio- farão sua estréia nos EUA justamente neste mês.
Um deles, Yuriorkis Gamboa, enfrentará um brasileiro, Adailton de Jesus, 29, 11º pena do ranking da AMB, na próxima terça-feira. O cubano, segundo o manager Ahmet Öner informou à Folha, embolsará entre US$ 10 mil e US$ 15 mil, uma fortuna para um combate em seis assaltos, apenas o sétimo em sua carreira profissional.
"As apresentações nos EUA são inevitáveis para que eles [os desertores] consigam a carreira e as bolsas milionárias que planejo para eles", argumentou Öner.
O trabalho de bastidores foi bem costurado. Gamboa já é o 29º do ranking dos penas do CMB e, em determinadas situações, poderia até desafiar o colombiano campeão mundial Jorge Linares.
E somente assim os desertores conseguirão manter o seu atual padrão de vida, que inclui casas em condomínios na Alemanha e viagens de férias à Itália e à Turquia. Contraste com a situação de Rigondeaux e Lara, que tentaram fugir no Rio e, de volta a Cuba, foram ""esquecidos".
Nem sabem se voltarão a integrar a equipe de Cuba, apesar de já terem pedido desculpas públicas e ter manifestado o desejo de voltar a representar o seu país.
Os demais desertores contratados pela Arena, ambos também campeões olímpicos, o pesado Odlanier Solis e o galo Yan Barthelemy, como Gamboa, estão invictos.
Solis é o 39º do ranking.
Ao ser questionado se propicia uma ""vida boa" a seus protegidos, Öner aproveitou para ironizar Fidel Castro. "Todos podem ter uma vida boa, você tem uma vida boa. E sabe por quê? Porque você vive em um país livre. Acho que Fidel Castro privou seus atletas de ir ao Mundial porque ficou bravo", afirmou.
"É uma pena, pois seus lutadores são atletas orgulhosos, deveriam ter essa oportunidade. E outra coisa, o boxe é uma profissão dura, perigosa, merece ser bem remunerada", completou ele.
Para Adaílton, não há opções senão deixar o ringue com as mãos erguidas. Apesar de ranqueado, perdeu suas duas últimas lutas, ambas contra adversários ranqueados, por decisão por pontos, em eliminatórias por títulos, contra o americano Marcos Ramirez e o panamenho Roinet Caballero.
"Esse combate é muito importante para mim, após os últimos resultados, preciso muito da vitória." (EO)

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