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FIA se atrapalha com temperaturas
Medições feitas pela entidade durante o GP Brasil de F-1 em Interlagos são bem diferentes das aferidas pelo Inpe
Discrepância entre dados oficiais e o de empresa francesa absolve equipes, mas apelação da McLaren força nova investigação
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa temporada em que as
investigações e polêmicas ditaram os rumos do Mundial de
F-1, a última controvérsia do
ano serviu para mostrar falhas
no sistema de aferição da FIA.
Um relatório emitido por Jo
Bauer, delegado técnico da entidade, após o GP Brasil, anteontem, causou a abertura de
investigação para verificar se a
gasolina de Williams e BMW
estava mais fria que o permitido. Pelo regulamento, não pode
estar mais de 10C abaixo da
temperatura ambiente.
Após ouvir técnicos das equipes e Peter Tibbetts, analista de
combustível da FIA, os comissários decidiram não punir ninguém, já que havia uma discrepância grande entre a temperatura aferida pela FOM (Formula One Managment) e da Meteo
France, empresa contratada
pela entidade e pelos times.
Uma hora antes da largada,
por exemplo, a temperatura na
pista, de acordo com os monitores da FOM era de 60C. Pela
medição de um técnico da Meteo France, acompanhada pela
reportagem, o asfalto em Interlagos estava em 45C.
Outra discrepância aparece
na temperatura ambiente. De
acordo com a FOM, no momento da corrida, os termômetros chegaram a 37C.
Pelos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a temperatura máxima
registrada em São Paulo anteontem foi de 34,7C, aferida
no mirante de Santana.
De acordo com os números
divulgados pela FIA, as amostras de gasolina do carro de
Nick Heidfeld estavam a 24C e
a 25C, as de Robert Kubica a
23C e a 24C, a de Nico Rosberg a 24C e a 25C e a de Kazuki Nakajima a 25C e a 26C.
Ou seja, se fossem consideradas as medições do Inpe, por
exemplo, só Kubica estaria em
situação irregular. Mas, pelo regulamento, a temperatura "oficial" é a aferida pela FOM.
Além da diferença entre as
medições, a FIA disse também
que não puniu ninguém pois
não tinha como checar a temperatura da gasolina dentro do
tanque de combustível.
Segundo Rogério Gonçalves,
engenheiro da Petrobras, que
fornece gasolina para a Wil-liams, existe uma espécie de
caixa-preta nos motores dos
carros que mede isto.
Como a McLaren decidiu
apelar da decisão, a FIA poderia então solicitar os dados aos
times para nova investigação.
"Mas não há nenhuma chance de irregularidade, pois, no
momento em que o combustível sai do reservatório, a temperatura já aumenta. Além disso,
o tanque está quente, fazendo
com que ela suba rapidamente", disse Gonçalves.
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