São Paulo, terça-feira, 23 de outubro de 2007

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FIA se atrapalha com temperaturas

Medições feitas pela entidade durante o GP Brasil de F-1 em Interlagos são bem diferentes das aferidas pelo Inpe

Discrepância entre dados oficiais e o de empresa francesa absolve equipes, mas apelação da McLaren força nova investigação

DA REPORTAGEM LOCAL

Numa temporada em que as investigações e polêmicas ditaram os rumos do Mundial de F-1, a última controvérsia do ano serviu para mostrar falhas no sistema de aferição da FIA.
Um relatório emitido por Jo Bauer, delegado técnico da entidade, após o GP Brasil, anteontem, causou a abertura de investigação para verificar se a gasolina de Williams e BMW estava mais fria que o permitido. Pelo regulamento, não pode estar mais de 10C abaixo da temperatura ambiente.
Após ouvir técnicos das equipes e Peter Tibbetts, analista de combustível da FIA, os comissários decidiram não punir ninguém, já que havia uma discrepância grande entre a temperatura aferida pela FOM (Formula One Managment) e da Meteo France, empresa contratada pela entidade e pelos times.
Uma hora antes da largada, por exemplo, a temperatura na pista, de acordo com os monitores da FOM era de 60C. Pela medição de um técnico da Meteo France, acompanhada pela reportagem, o asfalto em Interlagos estava em 45C.
Outra discrepância aparece na temperatura ambiente. De acordo com a FOM, no momento da corrida, os termômetros chegaram a 37C.
Pelos dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a temperatura máxima registrada em São Paulo anteontem foi de 34,7C, aferida no mirante de Santana.
De acordo com os números divulgados pela FIA, as amostras de gasolina do carro de Nick Heidfeld estavam a 24C e a 25C, as de Robert Kubica a 23C e a 24C, a de Nico Rosberg a 24C e a 25C e a de Kazuki Nakajima a 25C e a 26C.
Ou seja, se fossem consideradas as medições do Inpe, por exemplo, só Kubica estaria em situação irregular. Mas, pelo regulamento, a temperatura "oficial" é a aferida pela FOM.
Além da diferença entre as medições, a FIA disse também que não puniu ninguém pois não tinha como checar a temperatura da gasolina dentro do tanque de combustível.
Segundo Rogério Gonçalves, engenheiro da Petrobras, que fornece gasolina para a Wil-liams, existe uma espécie de caixa-preta nos motores dos carros que mede isto.
Como a McLaren decidiu apelar da decisão, a FIA poderia então solicitar os dados aos times para nova investigação.
"Mas não há nenhuma chance de irregularidade, pois, no momento em que o combustível sai do reservatório, a temperatura já aumenta. Além disso, o tanque está quente, fazendo com que ela suba rapidamente", disse Gonçalves.


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