São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2010

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Insanidade

Brasileiro conta a rivalidade do maior e mais violento duelo do caótico futebol sérvio

THIAGO BRAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Foi sob o pretexto da rivalidade envolvendo os dois maiores clubes sérvios que torcedores do Estrela Vermelha promoveram um espetáculo deplorável em Gênova, na Itália, semana passada, que culminou com o cancelamento da partida entre Itália e Sérvia, válida pelas eliminatórias da Euro-2012.
Eles não admitem que o goleiro titular da Sérvia, Vladimir Stojkovic, que jogou pelo clube, tenha ido jogar nesta temporada no Partizan, seu maior rival.
No meio do ódio entre as equipes que se enfrentam hoje está um brasileiro. Nascido em Guarapuava, no interior do Paraná, o atacante Cléverson Gabriel Córdova, o Cléo, 25, viveu momentos de tensão após fazer o mesmo caminho que o goleiro sérvio.
Cléo afirma que depois da mudança as coisas foram difíceis. Para não encontrar os torcedores do Estrela Vermelha, time de maior torcida no país, ele evitava sair de casa.
"Os torcedores do Estrela Vermelha me xingavam na internet, levavam faixas no estádio, me ameaçando. Então eu passei a deixar de fazer as coisas que eu gosto como ir ao restaurante, ao cinema. E sempre que eu tinha que sair de casa, eu ia sozinho, sem a minha mulher e meu filho", revelou.
Logo após trocar um rival pelo outro, Cléo conta que se reuniu com os torcedores do Partizan. Mas, para sua surpresa, nada de ameaças.
"Os torcedores se reuniram comigo e ofereceram proteção para mim e para a minha família. Disseram que colocariam alguns torcedores como seguranças meus. Eu disse que não precisava", declarou o camisa 9, que nesta temporada já marcou 14 gols em 17 jogos.
Por isso, Cléo é só elogios para a torcida do seu atual clube e diz não se arrepender da polêmica transação.
"No Estrela Vermelha, eu vi os torcedores batendo em jogadores. Aqui isso não acontece. Hoje me sinto em casa no Partizan, eles me respeitam muito", falou.
Sobre o pivô da confusão na Itália, Cléo conta que Stojkovic está tranquilo.
"Ele disse que tentaram bater nele. Balançaram o ônibus da Sérvia. O Stojkovic falou que, quando eles chegaram ao estádio, ele foi se esconder no vestiário da Itália. Na nossa última partida em casa, os torcedores cantaram o nome dele o jogo inteiro", finalizou o brasileiro.


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