São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 2006

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Cai o ritmo da dança dos treinadores

Nacional atual será o de pontos corridos com mais clubes mantendo o mesmo comando do início ao fim

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles têm menos motivos neste Brasileiro para reclamar da instabilidade da profissão. Na era dos pontos corridos, iniciada em 2003, nenhuma edição do torneio terá tantos clubes com o mesmo treinador do início até ao fim do que a atual.
Com apenas duas rodadas para o final, seis clubes estão nessa situação, e nenhum deles cogita demitir seu comando.
O recorde anterior era o ocorrido em 2003 (cinco). Mas, como naquela época o número de participantes era maior, a marca atual é muito mais significativa. O Brasileiro-06 terá 30% de seus times sem troca de treinador. No ano passado, foram apenas 9%. Em 2003, 19%.
E a estabilidade, rara na profissão, vai invadir 2007. Vários clubes já anunciaram que irão continuar com seus treinadores. E isso não inclui só o campeão São Paulo, que renovou com Muricy Ramalho por mais dois anos. Times em posição intermediária, como Corinthians e Botafogo, não mudarão de comando. Até o Fluminense, que briga para não cair, anunciou que Paulo César Gusmão permanece no cargo se desejar.
O cenário atual é bem diferente do registrado no passado em vários aspectos.
A improvisação agora não deu certo. Os seis times que não trocaram de técnico são justamente os seis melhores na classificação. Em 2004 e 2005, Santos e Corinthians, respectivamente, foram campeões mesmo mudando de comando durante a competição.
A classificação, aliás, mostra bem que muitas trocas nada resolvem. Os quatro times hoje na zona de rebaixamento tiveram juntos, sem contar interinos, 15 treinadores (nenhum deles contou com menos de três). No bloco intermediário (times colocados entre sétimo e décimo lugar), ninguém trocou de técnico mais de uma vez.
Marcas históricas de longevidade foram batidas, como fez Renato Gaúcho no conturbado Vasco. Ele dirige a equipe, somando esta edição e a do ano passado, há 67 rodadas. Ninguém manteve uma longevidade tão grande no mesmo clube sem interrupções.
Muricy e Abel Braga são outros que se tornaram especialistas em estabilidade na era dos pontos corridos. O primeiro, antes de dirigir o São Paulo sem sustos, treinou o Internacional de forma integral nos torneios de 2003 e 2005. Abel resistiu durante toda a edição de 2003 na Ponte Preta e em 2005 no Fluminense. Agora, repete a dose no Inter.
A figura do treinador que pula de clube para clube também se tornou mais rara. Só oito técnicos trabalharam em mais de uma equipe. No ano passado, foram 13. Em 2004, 16. Na estréia dos pontos corridos, em 2003, dez.
E não foram só medalhões que ganharam com o aumento da estabilidade da prancheta. Três dos seis que ficaram no emprego durante todo o campeonato ainda não passaram dos 45 anos (Caio Júnior, do Paraná, Mano Menezes, do Grêmio, e Renato Gaúcho).


Com MARIANA BASTOS, da Reportagem Local

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