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legado
Prefeitura do Rio vai à Justiça por dívida do Pan
Cesar Maia quer receber R$ 8 mi do comitê organizador dos Jogos de 2007
Atual governo investiu R$ 1,4 bilhão no evento; Co-Rio diz ainda esperar pagamento de convênios firmados com a administração da cidade
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Segundo maior pagador da
conta do Pan de 2007, a Prefeitura do Rio decidiu entrar na
Justiça para receber R$ 8 milhões do Co-Rio, o comitê organizador dos Jogos.
O prefeito da cidade, Cesar
Maia (DEM), autorizou a Controladoria-Geral do Município
a incluir o órgão na dívida ativa.
O Pan foi realizado no ano passado depois de sucessivos estouros de orçamento.
""Há um contrato com obrigações, direitos e deveres. Neste
contrato, a prefeitura tem direitos. Chegamos a um saldo de
R$ 13 milhões. O Co-Rio recalculou e passou para R$ 8 milhões. Aceitamos. Mas não pagaram. A prefeitura tem obrigação de inscrever em dívida ativa", disse, por e-mail, Maia.
A gestão do prefeito consumiu dos cofres municipais cerca de R$ 1,4 bilhão para realizar
o evento esportivo. Ele deixará
o cargo no próximo dia 31.
Presidido por Carlos Arthur
Nuzman, que também comanda o COB (Comitê Olímpico
Brasileiro), o Co-Rio se defendeu ontem devolvendo a acusação. Em nota, o Co-Rio, que é
uma entidade de direito privado, informou que, de acordo
com apuração dos balanços e
demonstrativos de resultados,
a entidade é credora da Prefeitura do Rio. O comitê alega que
ainda aguarda o pagamento de
convênios firmados com a prefeitura por ocasião do Pan.
A nota da entidade foi ironizada por Maia. ""Para quem
aplicou R$ 1,4 bilhão, só rindo."
No total, os governos federal,
estadual e municipal repassaram R$ 3,7 bilhões para garantirem a realização do Pan-Americano -793,72% a mais do que
estava previsto em 2002, quando a cidade ganhou o direito de
sediar a competição.
No ano em que o Rio conquistou o direito de sediar o
Pan, os governos registraram
que gastariam apenas R$ 414
milhões. O principal pagador
dos Jogos foi o governo federal,
que gastou R$ 1,8 bilhão. Pelo
orçamento inicial, a União não
desembolsaria nem sequer 8%
disso -R$ 140 milhões.
A prefeitura é a primeira entre os entes governamentais a
cobrar na Justiça uma dívida
deixada pelos organizadores
dos Jogos cariocas.
Apesar de exigir o pagamento
do débito, o prefeito do Rio não
quis especificar quais os serviços cobrados pela prefeitura na
conta enviada ao Judiciário. Já
o Co-Rio não informou o valor
do seu crédito junto ao município em seu comunicado.
A troca de acusações entre
Maia e Nuzman acontece em
meio à disputa do Rio para abrigar os Jogos Olímpicos de 2016.
A cidade brasileira concorre
com Madri, Chicago e Tóquio.
A escolha do COI (Comitê
Olímpico Internacional) será
em outubro do próximo ano.
O prefeito, no entanto, diz
não temer que possa interferir
na corrida pela Olimpíada.
""Não creio [que afete], pois
uma coisa nada tem a ver com
outra", disse Maia.
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