São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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RÉGIS ANDAKU

O maior exército do mundo vem aí


Esqueça as beldades russas e as estrelas americanas; também no tênis as chinesas vêm para dominar o mundo


AOS OITO anos de idade, em uma época um pouco diferente desta atual, Na Li brincava de badminton quando um senhor de idade, acompanhado por um guarda, se aproximou. Ela não entendeu muito bem o intuito daquele homem, apenas ouviu dele que ela seria uma grande tenista. Na China, era assim que naquela época, incrivelmente há apenas 15 anos, os grandes esportistas do país eram "descobertos". No caso da garota, as autoridades chinesas acertaram em cheio: aquela criança do interior que brincava de badminton com muita desenvoltura tornou-se a tenista número um do pais.
Como ocupar o posto de melhor tenista chinesa nunca significou muito, Li ganhou notoriedade apenas ao se tornar a primeira atleta de seu país a conquistar um título da WTA. Depois disso, tornou-se a primeira chinesa a alcançar as quartas-de-final de um Grand Slam, em Wimbledon-06. Agora, Li entra para o grupo das 20 melhores tenistas do planeta, fato também nunca antes visto na história do esporte.
Neste primeiro Grand Slam da temporada, Li acabou sem o apoio de seu treinador, o seu marido, Jiang Shan, que não conseguiu um visto para viajar da China para a Austrália. Recebeu todas as instruções por telefone, mas não foi o suficiente. Li perdeu na segunda rodada, mas não para qualquer uma. Martina Hingis a eliminou em três sets. Há algumas semanas, em Sydney, Li caiu apenas nas semifinais diante de Kim Clijsters. As duas campeãs fizeram questão de elogiar o jogo da chinesa. "É incrível como o jogo dela está muito mais consistente", confidenciou Clijsters, surpresa com uma dificuldade maior que a prevista para superar Li.
Pois Na Li não é um caso único. Jie Zheng é outro. Ela também não imaginava que seria uma tenista, muito menos uma grande tenista, quando foi "descoberta" por "autoridades chinesas" aos 7 anos de idade. Hoje, número 31 do ranking mundial, também começa a apresentar resultados consistentes no circuito.
Shuai Peng e Yuan Meng foram as outras presenças chinesas neste Aberto da Austrália. Tiantian Sun e Ting Li também não são nomes fáceis de guardar, mas certamente soarão menos estranhos nas próximas temporadas. "Eu era uma que ficava prestando atenção só nas russas, mas as chinesas estão vindo forte também", diz Serena Williams. São 12 tenistas já entre as 300 primeiras do ranking mundial, número maior, por exemplo, do que o da Austrália, onde o tênis é esporte fácil de ser praticado.
Elas estão chegando. Ganhando jogos (grandes jogos), marcando presença, subindo no ranking, puxando um exército, atraindo a atenção, ganhando dinheiro. Aliás, as tenistas precisam deixar 65% do que faturam nos torneios com o governo. Não à toa a economia chinesa cresce como um foguete: essas meninas não param de ganhar.

PREVISÍVEL
À espera da hora de entrar na quadra para a segunda rodada do Aberto da Austrália, Kim Clijsters encontrou Martina Hingis. A belga enfrentaria a japonesa Akiko Morigami; Hingis, a russa Alla Kudryavtseva. Longe das tensões de um pré-jogo, fizeram aposta descontraída: quem ganharia mais rápido. Clijsters voltou ao vestiário oito minutos antes e faturou a aposta.

PREVISÍVEL
Marat Safin caiu diante de Andy Roddick no Aberto, mas não sem antes ofender um árbitro. Pelos palavrões, foi multado de US$ 2.000.

IMPREVISÍVEL
Marcos Daniel foi o melhor brasileiro no Challenger de La Serena (CHI). O gaúcho chegou às semifinais, mas foi derrotado pelo qualifier Juan Pablo Brzezicki de virada.

reandaku@uol.com.br


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