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ganha-pão
Dinheiro olímpico dá fôlego ao esporte
Relatório aponta que verba dos Jogos chega a 85% da receita de federações
Em 10 de 26 modalidades, recursos repassados pelo COI representam mais de 50% do faturamento no período de 2004 a 2008
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos esportes olímpicos tem alta dependência das
rendas dos Jogos. É o que mostra relatório do COI (Comitê
Olímpico Internacional) que
detalha as estruturas de cada
uma das 26 modalidades.
Os dados desse documento
revelam a dificuldade que as
confederações brasileiras terão
para tornar viáveis seus esportes sob o ponto de vista financeiro, sem recursos estatais.
Até agora, essa é a principal
fonte de renda de quase todas.
No cenário mundial, dez federações internacionais têm
pelo menos 50% das suas receitas no período entre 2004 e
2008 vinculadas aos Jogos. Ou
seja, são repasses feitos pelo
COI referentes à competição.
Estão nessa lista esportes
com boa visibilidade, como a ginástica, o boxe e o judô. Há o caso, por exemplo, da canoagem,
que tem 85% da sua renda dependente da Olimpíada.
Há explicações específicas
para a falta de interesse privado, como no boxe -no ciclo
olímpico até 2004, 65% das receitas originárias eram dos Jogos Olímpicos. A Aiba (Associação Internacional de Boxe
Amador) só tem um patrocinador que lhe dá dinheiro (Acer),
e suas rendas de marketing e
direitos de TV representam
menos de 10% do total.
"Eu diria que em todos os
países o boxe amador está relacionado aos Jogos Olímpicos.
Até nos EUA é necessário ter
ajuda estatal", avalia o presidente da Confederação Brasileira de Boxe, Mauro Silva.
Explica-se: o boxe profissional fica com a maior parte dos
investimentos, principalmente
na Europa e nos EUA. Empresários têm pego atletas cada vez
mais novos, o que enfraquece o
esporte amador e compõe um
cenário que se repete no Brasil.
O tiro esportivo também está
entre os mais dependentes,
com cerca de 70% de sua verba
ligada às Olimpíadas.
"Temos 48 mil atletas. Quem
sabe disso no Brasil?", afirma o
presidente da confederação de
tiro esportivo, Frederico Costa,
que só conta com verba da Lei
Piva. Ele citou Rússia e EUA como países onde o tiro chega à
TV, sendo mais divulgado.
Outras quatro federações internacionais têm entre 40% e
50% das receitas vindas dos Jogos. Entre elas, a de badminton,
com 43% da renda dependente
do COI. Só tem um patrocinador, embora as receitas de marketing e TV representem ao
menos um terço do total. O esporte é forte economicamente
em países como Indonésia, Noruega, China e Inglaterra. Em
outros, pena, como no Brasil.
"É um ciclo. Você não tem
patrocínio porque não aparece,
o que ocorre porque a gente
não é conhecido", lamenta o
presidente da confederação de
badminton, Celso Wolf, que relata que a Rio-2016 não alterou
o quadro. "Até agora, só sou
procurado por gente de fora."
Em outra faixa estão esportes com uma dependência dos
Jogos relativamente moderada, entre 10% e 30%. Nessa lista
há até modalidades tradicionais e ricas, como o atletismo,
que tem um décimo de sua renda vinculado à Olimpíada.
E também esportes importantes em certas regiões, como
o tênis de mesa, muito popular
na Ásia e que tira um quarto de
seu ganho total dos Jogos.
No Brasil, a modalidade enfrenta dificuldades maiores.
"Não tenho conseguido patrocínio porque só estão interessados em esportes que já dão resultado", conta o presidente da
Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, Alaor Azevedo.
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