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Bocha (bocha?) vira esperança olímpica
Brasil recruta atletas em canchas, oferece troca por gelo e almeja time de curling em jogos de 2010
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você é praticante de bocha e
lamenta o fato de seu esporte não
estar na Olimpíada, saiba que ainda há uma boa chance de se tornar um atleta olímpico.
Visando os Jogos de Inverno de
Vancouver, em 2010, a CBDG
(Confederação Brasileira de Desportos do Gelo) pretende montar
uma equipe de curling, talvez a
mais curiosa (e esquisita) modalidade disputada no evento.
O jogo começa com atletas lançando pedras de granito parecidas com chaleiras em busca do alvo. No percurso, competidores
usam vassouras para diminuir o
atrito entre o objeto e a pista de
gelo. Assim, facilitam o caminho
até o destino final almejado.
Não por acaso, a bocha é a primeira opção de dirigentes para recrutar atletas brasileiros. Com dinâmica parecida, a prática consiste em atirar bolas em uma pista
tentando aproximá-las tanto
quanto possível de outra, pequena, denominada chico ou bolim.
"São esportes de estratégia, que
qualquer um pode praticar. O avô
joga com o neto e o marido treina
com a mulher e com os filhos. Isso
porque o "músculo" mais usado é
o cérebro", conta, por telefone, de
Turim, onde acompanha os Jogos
de Inverno, Eric Maleson, presidente da CBDG.
Mas não são só os praticantes da
bocha que ele pretende aliciar.
"Atletas do boliche e do xadrez
[que também não integram o rol
dos esportes olímpicos] também
interessam", diz o dirigente.
O xadrez, explica ele, integra a
lista porque seus praticantes têm
a capacidade de antever lances,
traçando a estratégia dos lançamentos com movimentos de antecedência. "No curling, antecipar
a estratégia do adversário é fundamental, por isso, há quem chame o esporte de o "xadrez do gelo'", diz Maleson.
Ele já iniciou o recrutamento.
Em maio do ano passado, a
CBDG começou a receber, por
meio de seu site oficial
(www.cbdg.org.br), currículos
esportivos de interessados no esporte de inverno. "Chegaram cerca de 300 mensagens, sendo que
cem vieram de praticantes de bocha", lembra Maleson.
O retorno dos interessados o
motivou a procurar a Federação
Internacional de Curling, que enviou material esportivo para o início dos treinamentos. "O Brasil é
o único país latino-amerciano
que já investe no desenvolvimento do curling. Já temos 64 pedras e
algumas vassouras."
Após os Jogos de Turim, ele pretende ir ao congresso mundial de
curling no Estado de Massachussets (EUA), onde mora. Lá, a meta
é convencer integrantes da federação a visitar o Brasil para ajudar
na difusão do esporte de gelo.
Além da entidade que comanda
o curling no mundo, Maleson trata com cartolas do esporte nacional. Ele já se reuniu com Lars
Grael, secretário da Juventude de
SP, para debater o fomento à modalidade. "O Lars mostrou um interesse grande porque o curling é
um esporte para toda a família.
Temos o projeto para construir
uma pista oficial. Por enquanto,
São Paulo mostrou ter mais interesse em abrigá-la, mas Rio e Curitiba também estão no páreo."
Se a pista, que deve custar cerca
de R$ 2 milhões, ficar mesmo em
São Paulo, não faltarão atletas da
bocha para o teste no novo espaço. Segundo o presidente da Federação Paulista de Bocha e Bolão,
Geiser Prado Noronha, há praticantes da modalidade nos 645
municípios paulistas. "O Estado
tem cerca de 186 clubes de bocha e
mais umas 20 ligas no interior."
Outra semelhança entre bocha e
curling é o fato de serem esportes
em que há um país dominante no
cenário internacional.
Noronha diz que os principais
atletas da bocha são os italianos,
enquanto o Canadá, com mais de
1 milhão de atletas, é o mais tradicional centro do curling.
Ontem, a equipe feminina do
Canadá arrebatou o bronze em
Turim (o ouro foi das suecas).
Hoje, o time masculino do país,
que vem de duas decepcionantes
pratas nas últimas edições dos Jogos, faz a final contra a Finlândia.
NA TV - Final do curling, ao
vivo, às 13h30, no Sportv 2
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