São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Vou torcer para o Botafogo


O Botafogo era melhor no ano passado e perdeu o título. Hoje, o Flamengo é superior. Será que o Botafogo vence?

NÃO VOU contar um segredo nem me tornei botafoguense. Hoje, poderia torcer para o Bota em homenagem a Garrincha e aos grandes craques da década de 60. A equipe era quase tão boa quanto a do Santos de Pelé.
No Maracanã, os dois times fizeram as partidas mais brilhantes que vi em toda a minha vida.
Poderia torcer para o Botafogo em homenagem a João Saldanha, que me ensinou a ver em um jogo muito mais que uma partida de futebol.
Poderia torcer para o Botafogo em homenagem ao mestre Armando Nogueira, que me ensinou a gostar de palavras bonitas.
Em vez de torcer para o Botafogo, poderia torcer para o Flamengo, em homenagem a Zico e a tantos craques da história do clube.
Poderia torcer para o Flamengo em homenagem ao técnico Joel, companheiro no Vasco em 1973. Na época, Joel já tinha esse jeito de gente boa e de filósofo malandro.
Mais que isso, Joel é um excelente treinador. Além de bons conhecimentos técnicos e táticos, Joel não inventa nem engana. Ele é o que é.
Flamengo e Joel não precisam tanto desta vitória.
O Mengo está na Libertadores, ainda tem o segundo turno, e Joel, papador de títulos no Rio, não vai ser melhor nem pior técnico com qualquer resultado.
Vou torcer para o Botafogo por causa de Cuca, que só conheço pela televisão. No ano passado, o Bota foi o time que mais me fascinou. Quase ganhou tudo. Pior se não chegasse perto de nada.
O Botafogo perdeu os principais jogadores, porém, não perdeu o estilo coletivo, bonito e ousado. Os atletas, Bebeto de Freitas, que é também um presidente diferente, e, principalmente, Cuca precisam muito desse título.
Será bom vê-los carregados em triunfo como heróis, dar a volta olímpica, mesmo sendo apenas a conquista de um turno. A Taça Guanabara é um título especial para os cariocas.
Mas será difícil. O Flamengo possui melhores jogadores.
Não agüento mais treinadores com um Deus na barriga, que reclamam de tudo, que querem dar aula de jornalismo aos repórteres, que fazem cara de desprezo quando recebem uma pergunta da qual não gostam e que querem nos ensinar que não existe nada de errado em serem, ao mesmo tempo, treinadores e negociantes de atletas.
Além de um ótimo estrategista, Cuca é um treinador simples, educado e emotivo. Às vezes, tem uma cara sombria, triste. Aprecio pessoas assim, mesmo quando não vencem.

Ir além
Os lances mais brilhantes pela Copa dos Campeões da Europa foram os dois gols de Messi e o de Henry, pelo Barcelona.
O time catalão esteve perto de seus grandes momentos, quando, paradoxalmente, não tinha Henry nem Messi, que começava a entrar no time. Mas tinha Ronaldinho em forma.
Ronaldinho atuou muito bem, no entanto, ainda está longe de seu esplendor técnico.
Para atuar como antes, terá de recuperar a fúria para jogar, a ambição de ir além e a gana de tentar inventar e reinventar as coisas, qualidades que os grandes talentos precisam ter, em qualquer atividade.
Não vou escrever as próximas colunas de quarta e domingo. Volto dia 5, quarta-feira. Até lá.


Texto Anterior: Fla ainda não pagou salário de janeiro
Próximo Texto: Muricy vê pior pré-Libertadores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.