São Paulo, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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primeiro ato

Corinthians, 99, inicia sua maior saga

Às vésperas do centenário e após 239 dias de ansiedade, time estreia na Libertadores contra pequeno Racing, do Uruguai

Clube dedicou oito meses na montagem da equipe para o cobiçado torneio, porém agora ameniza discurso de obrigação de conquista

MARTÍN FERNANDEZ
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Foram 239 dias de ansiedade, pressão antecipada e gastos exagerados. Hoje, enfim, o Corinthians estreia na competição mais importante dos seus quase cem anos de história.
Desde que conquistou o título da Copa do Brasil, em 1º de julho de 2009, não há outro assunto no clube. Às 21h50, contra o Racing do Uruguai, no Pacaembu, começa a Libertadores para o Corinthians.
A conquista do principal interclubes do continente, justamente no ano do centenário, virou obsessão, quase neurose no Parque São Jorge.
Ter o troféu que todos os principais rivais já possuem há pelo menos 11 anos -desde que o Palmeiras venceu a edição de 1999- virou obrigação, imposta pela torcida e ampliada pelas últimas participações e eliminações. Todas de maneira dramática para a equipe alvinegra.
Por conta disso, o Corinthians jogou fora todo o segundo semestre de 2009. Fez do Brasileiro em que se credenciava como um dos favoritos um aquecimento de longa duração.
No decorrer dos últimos oito meses, o Corinthians se preocupou quase que exclusivamente em montar uma equipe capaz de vencer o torneio.
Para isso, trouxe jogadores experientes e montou um elenco caro. Na previsão orçamentária, foram designados mais de R$ 110 milhões para pagar salários e direitos de imagem.
O presidente Andres Sanchez admitiu que gastou muito nesta temporada. E prometeu equilibrar as contas com retenção de gastos em 2011.
Tudo para tentar fazer, a partir de hoje, o caminho até o título mais cobiçado de sua história. Esse tratamento especial dado à Libertadores parece ter começado a incomodar à medida que a estreia do time na competição se aproximou.
Se antes diretoria e elenco engrossavam o coro de que o torneio continental seria prioridade no centenário, aos poucos o discurso se amenizou.
Tudo para tentar evitar que uma nada absurda eliminação na fase de mata-matas do torneio se transforme em tragédia e protestos, numa temporada projetada pelo clube para ser de celebrações pelos cem anos.
Ronaldo, o símbolo do elenco montado para finalmente transformar o Corinthians em campeão continental, tenta diminuir uma eventual cobrança por um "fracasso".
"Tem que entrar com tranquilidade, com alegria de jogar. A gente está ali para jogar futebol, fazer o público sair satisfeito", disse o Fenômeno. "Mas tem que entrar sem o peso, sem pensar na obsessão do torcedor, nessa pressão externa que está se criando em torno de Corinthians e Libertadores."
O técnico Mano Menezes, vice-campeão com o Grêmio em 2007, disse ontem que até gosta de "um certo nível" de ansiedade. "Fizemos tudo o que deveríamos ter feito antes dos jogos", afirmou Mano. "Temos a consciência tranquila de que a preparação foi boa. Agora falta o mais importante."


NA TV - Corinthians x Racing
Globo, ao vivo, às 21h50




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