São Paulo, quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

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Fifa ataca atraso nos estádios do Brasil para 2014

Secretário-geral da entidade afirma que país não pode mais desperdiçar tempo e nega predisposição contra São Paulo

Em meio aos problemas da Copa-2010, que faz obras no Soccer City, Jérôme Valcke demonstra irritação com polêmica sobre Morumbi

FÁBIO ZANINI
ENVIADO ESPECIAL A SUN CITY

Insatisfeita com o projeto do Morumbi, a Fifa agora demonstra ceticismo com o cronograma de todos os estádios da Copa do Mundo de 2014.
O secretário-geral Jérôme Valcke disse ontem que "não há tempo a perder" se o Brasil quiser entregar o que prometeu à entidade que controla o futebol mundial: estádios prontos dois anos antes, em 2012.
"O Brasil não deve desperdiçar tempo nenhum. Disseram- -me no Brasil que tudo estará pronto em 2012. E 2012 é amanhã. Então, há muito trabalho a ser feito", afirmou ele, durante seminário da entidade com as 32 delegações participantes do Mundial da África do Sul, no resort de Sun City, a 200 km da cidade de Johannesburgo.
O próprio governo brasileiro admite preocupação. Há duas semanas, o ministro Orlando Silva Jr. (Esporte) afirmou que acendeu uma "luz amarela" no cronograma de construção e reforma das arenas da Copa. Sete dos 12 estádios da Copa não devem iniciar as obras no prazo máximo estipulado pela Fifa, que é na próxima segunda.
Valcke voltou a descartar o Morumbi como sede da partida de abertura ou de uma semifinal da Copa, a menos que haja mudança no projeto. Irritado com o assunto, fez um desabafo. "Agora, sou criticado no Brasil por ser o cara mau. Alguns inclusive dizem que tenho uma disputa pessoal com o São Paulo. É besteira! É incrível. Como alguém pode dizer isso?"
De acordo com ele, o problema com o Morumbi é que a lista de exigências da Fifa não consta do projeto são-paulino.
"Está claro que o Morumbi não está preparado para abrigar nada além de jogos da fase de grupos e oitavas de final. Se o São Paulo quer uma semifinal, é preciso construir um estádio ou reformá-lo de forma diferente do que foi apresentado."
A lista de problemas imediatos também é grande.
A pouco mais de cem dias da abertura, a Copa sul-africana está encontrando novos imprevistos, segundo Valcke e o diretor-executivo do comitê organizador, Danny Jordaan.
Ontem, foi anunciado que a principal arena do torneio, Soccer City, no bairro Soweto, sofrerá novo atraso na entrega -a previsão é final de abril ou começo de maio. O estádio, sede da abertura e da final, deveria ter ficado pronto em 2009.
"O estádio está completo, mas o paisagismo no entorno é o problema", declarou Jordaan.
Valcke pareceu ainda mais preocupado, chegando a pôr em dúvida a realização de "eventos-teste" no estádio antes do início da Copa, em 11 de junho. "Teremos tempo de ter eventos-teste no Soccer City?", indagou. "Espero que sim."
Para completar, o estado dos campos passou a ser dúvida. No estádio de Nelspruit, o gramado precisará ser refeito.
"Mandamos um expert. A grama já foi colocada, mas é preciso mudar a areia que foi utilizada. O gramado será refeito", declarou Jordaan.
Alarmado, o comitê organizador encomendou um relatório completo sobre o estado de cada campo, até os de treinos.
"Precisamos ter certeza de que não teremos campos como os da Copa das Confederações. Talvez os campos não sejam como o do Emirates [em Londres], mas têm de ter o nível de uma Copa", afirmou Valcke.


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