|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VÔLEI
Sem equipes para jogar no Peru, Natália Málaga e Rosa Garcia, prata em Seul-88, vão encerrar a carreira no país
Para fugir de crise, estrelas peruanas vêm jogar no Brasil
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio a uma das maiores crises da história do vôlei do Peru e
sem opções de equipes para atuarem no país, duas das mais importantes jogadoras peruanas escolheram o Brasil para encerrarem suas carreiras.
Natália Málaga, 38, está jogando
a Superliga pela equipe de Campos, e Rosa Garcia, 37, atua pelo
Blue Life-Pinheiros.
As veteranas jogadoras estavam
no último time que derrotou a seleção brasileira na decisão de um
sul-americano, em 1989.
Um ano antes, haviam conquistado o maior feito da história do
vôlei peruano -que dominou o
esporte da América do Sul na década de 80-, a medalha de prata
nos Jogos Olímpicos de Seul.
Na final da Olimpíada, a tática
peruana sucumbiu diante da força russa, e o Peru iniciou uma
queda sem demonstrar ter fôlego
para superar tão cedo -hoje, a
seleção feminina ocupa a 23ª posição no ranking da FIVB (Federação Internacional de Vôlei). A
masculina está apenas em 55º.
Sem um campeonato nacional
forte e assistindo à falta de renovação das jogadoras de seu país,
Rosa e Natália, assim como a
maioria das estrelas peruanas, tiveram de ir jogar no exterior.
Natália atuou entre 1988 e 1993
na Itália e já disputou quatro temporadas no Brasil -agora, está
nas semifinais da Superliga.
Rosa, que já foi eliminada do
Nacional com o Pinheiros, estava
há três anos no país.
"Fiquei quase 22 anos na seleção peruana. É muito triste para
mim ver essa situação agora. Cada vez que vou ao Peru penso que
gostaria de fazer algum milagre
para deixar o vôlei novamente
bem por lá", afirmou Natália.
Para as veteranas jogadoras, o
principal problema da queda do
esporte peruano é a falta de investimento nas categorias de base.
Com poucos clubes e um nacional
fraco -tem poucas equipes e dura só 15 dias-, as atletas chegam
à seleção sem experiência.
"Enquanto isso, o nível do Brasil
melhorou em um ritmo alucinante. Eu, que já tenho 38 anos, tenho
de me esforçar em dobro para
treinar aqui", disse Natália.
O time feminino do Peru, que já
foi exemplo na América do Sul,
hoje tenta se manter como a terceira força do continente -foi ultrapassado pela Argentina, 13ª colocada do ranking mundial.
"Não temos treinador, não temos meninas. A maioria das atletas que chega à seleção é de juvenis. Até temos alguns destaques,
mas não conseguimos manter o
nível do time", disse Rosa Garcia.
No ano passado, um imbróglio
envolvendo a FPV (Federação Peruana de Vôlei), o IPD (Instituto
Peruano de Desportos) e a FIVB
(federação internacional) afundou o esporte do país ainda mais
na crise. Em julho, a FIVB suspendeu a federação peruana de todas
as suas competições por tempo
indeterminado por causa da intervenção do IPD na entidade
(leia texto nesta página).
A suspensão deixou a seleção
masculina do Peru de fora da disputa do classificatório para o
Mundial, que aconteceu em julho.
Assim como outras vice-campeãs olímpicas, como Carmem
Pimentel, Cenaide Uribe e Cecília
Tait (que é deputada), Rosa e Natália têm feito clínicas de vôlei no
interior do Peru, além de investirem em escolinhas permanentes.
"Estamos nos mobilizando para
tentar descobrir novos talentos. Já
encontramos boas jogadoras,
mas faltam recursos para levá-las
a Lima, iniciar um trabalho. As
mudanças só aparecerão em um
prazo muito longo", disse Natália.
Texto Anterior: Basquete: Vasco vence 1ª edição de Liga Sul-Americana Próximo Texto: Desfiliado, Peru tenta voltar à FIVB Índice
|