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São Paulo, segunda-feira, 24 de março de 2003

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Paulista acaba, mas disputa nos bastidores continua em curso; borderô da final não é aprovado

Federação bloqueia renda do campeão Corinthians

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Assim que Fábio Luciano ergueu o 25º troféu estadual corintiano, o site oficial do clube comemorou: "Acabou a guerra. Corinthians campeão". Para os alvinegros, a batalha contra os aliados São Paulo/Eduardo José Farah havia chegado ao fim. Para a Federação Paulista de Futebol, não.
Em mais um ato de retaliação contra o Corinthians, que foi ao STJD para fazer valer o que estava escrito no regulamento, a federação resolveu bloquear parte da renda do Corinthians na finalíssima. Um total de R$ 149 mil.
O valor, referente aos ingressos vendidos apenas no Morumbi, não foi depositado pelo São Paulo na sexta-feira, como estava combinado. A diretoria tricolor contou aos corintianos o motivo do não-pagamento: a FPF havia retido o dinheiro para cobrir empréstimo feito pelo clube junto à entidade em dezembro.
O presidente do Corinthians, Alberto Dualib, só soube do fato na madrugada de ontem, durante a festa do título, em um hotel da capital paulista. Foi informado da retenção por seu diretor-financeiro, Carlos Roberto de Mello. Em sinal de desaprovação, só balançou a cabeça. A partir de hoje, o clube começa a travar outra batalha contra a FPF. Pelo recebimento dos R$ 149 mil, pelas duas cotas de R$ 500 mil que ainda não foram depositadas e pelo prêmio de R$ 600 mil pela conquista do título. No total, R$ 1,749 milhão.
Mas outra confusão estourará hoje no colo de Reinaldo Carneiro Bastos, o vice que herdou do licenciado Farah a presidência da FPF no auge da crise das TVs.
No Paulista mais bagunçado e confuso da história, não foi só o regulamento que gerou polêmica. Nenhum dos dois finalistas assinou o borderô da final, em que foram arrecadados cerca de R$ 900 mil. O motivo: cobranças feitas pela FPF, que, segundo os clubes, não foram autorizadas.
No borderô oficial, a entidade cobrou R$ 28 mil para pagar o serviço de montagem e desmontagem do palco do show da dupla sertaneja Bruno & Marrone, feito pela empresa Spectrum. Outros R$ 5.400 foram exigidos para o pagamento de sanduíches e refrigerantes distribuídos nos camarotes do Morumbi para vips.
O problema é que nenhum dos dois clubes autorizou a FPF a contratar esses serviços. Por isso, dizem que a conta tem que ser paga exclusivamente pela federação.
"No Corinthians, a gente controla cada centavo. No atual momento do futebol brasileiro, é tudo difícil. Não me conformo como um time como o Corinthians, que está sempre em finais, tem tanta dificuldade para sobreviver. E não é um problema de administração. É de falta de dinheiro mesmo. Por isso, não admitimos que contratem serviços sem nossa anuência", afirmou Dualib, rodeado na festa por Mello e Antonio Roque Citadini. Procurado, o diretor financeiro da FPF, Rogério Caboclo, não respondeu ao recado deixado em seu celular.
O desgaste nas relações Corinthians-FPF começou no ano passado, quando o clube paulista se aproximou da CBF de Ricardo Teixeira e se posicionou contra a extinção do Rio-São Paulo, como esperava Farah. Após a obtenção de empréstimo de R$ 3 milhões na CBF, Dualib e Teixeira se aproximaram ainda mais. A FPF não gostou da nova aliança.
A partir daí, sucederam-se as retaliações por parte da FPF. Primeiro, o atacante Fumagalli foi multado em R$ 10 mil por ter criticado o Paulista. Depois, os casos da cota, em que o São Paulo recebeu a segunda parcela de R$ 500 mil uma semana antes do Corinthians, e o do regulamento . E, na antevéspera da final, a multa de R$ 50 mil a Vampeta e a convocação para depoimento no TJD.
No campo, o Corinthians venceu apenas uma batalha contra os aliados. A guerra nos bastidores, no entanto, parece longe do fim.


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