São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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Velocista testa treino nômade

Nadador César Cielo é aposta do país para encerrar jejum de 13 anos sem medalha em Mundiais

Esperança nacional divide treinos entre Brasil e EUA, obtém bons tempos, é visto como destaque do Pan e diz não saber qual seu destino

MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os livros ainda dividem atenção com as piscinas, o reduto dos treinos muda constantemente. Desde que despontou como grande promessa da natação brasileira, César Cielo Filho segue uma trajetória que contraria padrões de treinos de quem almeja o topo do pódio.
No Mundial de Melbourne, o velocista testa uma preparação dividida entre Brasil e EUA e diferentes prioridades. E que, até agora, parece não ser obstáculo para sua performance.
Há menos de uma semana, ele pulverizou marcas no NCAA (campeonato norte-americano universitário). Foi eleito o melhor da competição.
O desempenho o fez chegar à Austrália como o principal nome capaz de pôr fim a um jejum de 13 anos do Brasil sem medalhas em Mundiais. Cielo nada hoje o revezamento 4 x 100 m e os 50 m borboleta. Brasileiros disputam outras três provas.
Bons tempos também aumentarão suas credenciais como destaque do Pan do Rio. Mas, antes, o brasileiro irá mergulhar nas provas, como aluno, em Auburn (Alabama).
"Acho que essa diversificação foi boa. O jeito de trabalhar é diferente. A parte psicológica nos EUA é muito forte, principalmente para a noção de equipe. É uma lavagem cerebral", declarou Cielo à Folha.
Cielo está nos EUA desde dezembro. Queria ficar no Brasil após as performances avassaladoras em 2006, porém a bolsa de estudos falou mais alto.
Ele brilhou no Brasileiro e completou os 100 m livre, prova mais badalada da natação, em 48s61, novo recorde sul-americano e que o colocaria na quarta colocação no Mundial-05 e na Olimpíada-04.
À época, declarou que continuaria no Brasil, onde teria melhores condições.
As idas e vindas começaram após a aposentadoria de Gustavo Borges, em 2004. Cielo não viajara antes graças a uma manobra da mãe. Para ter o filho, então com 16 anos, por perto, ela o colocou para treinar ao lado do ídolo, no Pinheiros.
A experiência foi decisiva na carreira de Cielo, mas, sem Borges na piscina, ele rumou para os EUA. A aventura durou só alguns meses. Agora, não sabe precisar seu destino.
"É difícil dizer. Sempre que tenho uma idéia, ela acaba mudando. Para o Pan, provavelmente treinarei no Brasil."
E a preparação olímpica?
Cielo não traça planos. "Depois, quero férias, não paro há quase dois anos", afirma.
Para evitar as lacunas entre treinos no Brasil e nos EUA, seus técnicos Alberto Silva e David Marsh mantêm contato para traçar os objetivos.
O treinador brasileiro, no entanto, acredita que para brilhar de fato em Pequim, Cielo tem de deixar de ser nômade.
"Estamos acompanhando o trabalho dele lá. Mas, para a Olimpíada, ele precisa fazer um trabalho mais dirigido, em um só lugar", afirma Silva.
Se conseguir encerrar o jejum de 13 anos, no entanto, Cielo já sabe que finalidade dará à conquista. "Se a medalha vier, vamos usá-la para exigir da CBDA melhores condições."


NA TV - Mundial de natação
Sportv 2, ao vivo, às 21h



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