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Velocista testa treino nômade
Nadador César Cielo é aposta do país para encerrar jejum de 13 anos sem medalha em Mundiais
Esperança nacional divide treinos entre Brasil e EUA, obtém bons tempos, é visto como destaque do Pan e diz não saber qual seu destino
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os livros ainda dividem atenção com as piscinas, o reduto
dos treinos muda constantemente. Desde que despontou
como grande promessa da natação brasileira, César Cielo Filho segue uma trajetória que
contraria padrões de treinos de
quem almeja o topo do pódio.
No Mundial de Melbourne, o
velocista testa uma preparação
dividida entre Brasil e EUA e
diferentes prioridades. E que,
até agora, parece não ser obstáculo para sua performance.
Há menos de uma semana,
ele pulverizou marcas no
NCAA (campeonato norte-americano universitário). Foi
eleito o melhor da competição.
O desempenho o fez chegar à
Austrália como o principal nome capaz de pôr fim a um jejum
de 13 anos do Brasil sem medalhas em Mundiais. Cielo nada
hoje o revezamento 4 x 100 m e
os 50 m borboleta. Brasileiros
disputam outras três provas.
Bons tempos também aumentarão suas credenciais como destaque do Pan do Rio.
Mas, antes, o brasileiro irá mergulhar nas provas, como aluno,
em Auburn (Alabama).
"Acho que essa diversificação
foi boa. O jeito de trabalhar é diferente. A parte psicológica nos
EUA é muito forte, principalmente para a noção de equipe.
É uma lavagem cerebral", declarou Cielo à Folha.
Cielo está nos EUA desde dezembro. Queria ficar no Brasil
após as performances avassaladoras em 2006, porém a bolsa
de estudos falou mais alto.
Ele brilhou no Brasileiro e
completou os 100 m livre, prova mais badalada da natação,
em 48s61, novo recorde sul-americano e que o colocaria na
quarta colocação no Mundial-05 e na Olimpíada-04.
À época, declarou que continuaria no Brasil, onde teria
melhores condições.
As idas e vindas começaram
após a aposentadoria de Gustavo Borges, em 2004. Cielo não
viajara antes graças a uma manobra da mãe. Para ter o filho,
então com 16 anos, por perto,
ela o colocou para treinar ao lado do ídolo, no Pinheiros.
A experiência foi decisiva na
carreira de Cielo, mas, sem
Borges na piscina, ele rumou
para os EUA. A aventura durou
só alguns meses. Agora, não sabe precisar seu destino.
"É difícil dizer. Sempre que
tenho uma idéia, ela acaba mudando. Para o Pan, provavelmente treinarei no Brasil."
E a preparação olímpica?
Cielo não traça planos. "Depois, quero férias, não paro há
quase dois anos", afirma.
Para evitar as lacunas entre
treinos no Brasil e nos EUA,
seus técnicos Alberto Silva e
David Marsh mantêm contato
para traçar os objetivos.
O treinador brasileiro, no entanto, acredita que para brilhar
de fato em Pequim, Cielo tem
de deixar de ser nômade.
"Estamos acompanhando o
trabalho dele lá. Mas, para a
Olimpíada, ele precisa fazer um
trabalho mais dirigido, em um
só lugar", afirma Silva.
Se conseguir encerrar o jejum de 13 anos, no entanto,
Cielo já sabe que finalidade dará à conquista. "Se a medalha
vier, vamos usá-la para exigir
da CBDA melhores condições."
NA TV - Mundial de natação
Sportv 2, ao vivo, às 21h
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