São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2010

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intocável

Idolatria absolve Marcos no Palmeiras

Novo destempero do capitão do time será relevado pela diretoria do clube, que classifica o jogador como "incontrolável"

Gente que trabalha com o goleiro afirma que perda do título brasileiro em 2009 faz jogador desconfiar do poder de reação do elenco atual

Mastrangelo Reino/Folha Imagem
O goleiro Marcos relaxa na Fonte Luminosa

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Ah, mas você sabe como é o Marcos." Essa frase, ouvida de mais de uma pessoa pela reportagem, virou praticamente um mantra no Palmeiras. O fato é que ninguém parece saber (ou querer) lidar com o espinhoso tema dentro do clube.
A idolatria a um dos ícones palmeirenses transformou o notório pavio curto do jogador em um problema sem solução.
Assim, nos últimos tempos, um roteiro extracampo tem acompanhado a carreira vitoriosa do campeão mundial de 2002 pela seleção. Marcos fala, age e se comporta como quer. Nunca é punido. No máximo, vem a público se desculpar.
Anteontem, ele abandonou o treino após ter se irritado com as falhas do time. Xingou, desabafou ali mesmo, no campo do CT, e pediu que fosse substituído. Alegou dores na virilha, que acabaram se transformando na explicação oficial do Palmeiras.
A reportagem apurou que o treinador Antônio Carlos conversou com o atleta no vestiário, logo após o episódio. Não haverá punição ao camisa 12.
"Não falei com ele ainda", disse, ontem pela manhã, o diretor de futebol Seraphim Del Grande. Questionado a respeito de uma eventual punição ao atleta, Del Grande avaliou que o gesto do arqueiro "não foi normal". Não demorou muito, porém, e veio a frase: "Mas você sabe como é o Marcos...".
Gente que trabalha diariamente com o goleiro diz que, além da irritação com o que houve no treino, o jogador ainda não se conforma em ter perdido o título do Brasileiro do ano passado após o Palmeiras ter liderado a maior parte da competição. E afirma que, após recomeçar o ano com praticamente o mesmo grupo, ele ainda não sente confiança.
Outra fonte de insatisfação é a limitação física. Marcos sente dores nos joelhos, nos ombros, no punho. Treina e joga assim.
Esse é o principal motivo apontado pelo goleiro para justificar sua intenção de parar de jogar antes do previsto. O contrato dele termina no final do ano que vem, mas o atleta já definiu janeiro como seu limite.
Em entrevista à TV Bandeirantes, o vice-presidente do clube Gilberto Cipullo classificou Marcos como "incontrolável". "A diretoria conversa com ele, mas não adianta. Estamos calejados com essa situação e sabemos que, no dia seguinte às declarações, é outra coisa", afirmou Cipullo. O cartola negou que haja uma compreensão exagerada às atitudes do atleta.
"Você pune o jogador quando percebe que ele está de má-fé. E ele não está. É uma reação espontânea", completou o vice.


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