São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2010

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TOSTÃO

A inveja dos técnicos


O torcedor está descobrindo que é possível jogar bonito, com alegria, talento e ser eficiente, como faz o Santos

QUANDO TODOS os jogadores estão em condições de atuar, Dorival Júnior tem escalado o Santos com quatro defensores, um volante, dois meias armadores, dois atacantes livres e um centroavante. Nem os times da década de 60 eram tão ofensivos. O Cruzeiro tinha um esquema parecido, mas os dois laterais não avançavam. Além disso, Arouca, o único volante, destaca-se mais pela habilidade e pelos bons passes do que pela marcação.
Trocar Arouca por Rodrigo Souto explica por que o São Paulo não agrada. Não foi Arouca que não deu certo no São Paulo. O estilo da equipe é que não permitia a ele jogar como sabe.
Para o Santos ser mais eficiente, é necessário diminuir os espaços entre o meio e o ataque e entre o meio e a defesa. Se os defensores não adiantam a marcação, e os atacantes não voltam para marcar, fica um vazio no meio-campo para o adversário tocar a bola e chegar ao gol, como ocorreu contra o Palmeiras e em outras partidas. Como o Santos geralmente ganha e faz muitos gols, essa deficiência aparece pouco.
Diferentemente do Corinthians e de um grande número de times da Europa, que têm, sistematicamente, um jogador de cada lado para defender e atacar, Robinho e Neymar, que seriam, na teoria, esses atletas, movimentam-se por todo o ataque e, com frequência, estão próximos um do outro e do centroavante André.
Não perco um jogo do Barcelona e do Santos. Taticamente, são equipes diferentes.
O Barcelona, depois de jogar vários anos com três no meio e três na frente (um centroavante e mais um atacante de cada lado), mudou, nas últimas partidas, com exceção da de domingo, e passou a atuar no esquema da moda na Europa, com dois volantes, uma linha de três meias e um centroavante.
Messi, que atuava pela direita, passou a jogar mais pelo centro e próximo ao centroavante. Pedro e Iniesta são os meias pelos lados. Nas duas posições, Messi continua dando show. Já está sendo comparado a Maradona. Ainda é cedo. Ele caminha para isso.
Qual é, em números, o esquema tático do Santos? Não sei. Nem Dorival Júnior deve saber. Não ser engessado pelo técnico é uma das qualidades principais do time. O Santos não é um time de botões nem de prancheta.
O torcedor brasileiro está descobrindo que ainda é possível jogar bonito, com alegria, talento e eficiência. Quem não está gostando são os técnicos. Ao reclamarem de que não é possível tocar nos meninos da Vila, demonstram que estão com inveja, por não ter condições de fazer o mesmo.
Algumas antigas máximas do futebol continuam atuais. Uma delas é que todo técnico tem de tentar escalar jogadores com certas características para determinadas funções, como faz Dorival Júnior.
O São Paulo melhorou depois que Junior César foi escalado de lateral, no lugar do meia Jorge Wagner, além de Cléber Santana, escalado de volante, e não mais de meia, pelo lado.
No esquema do Corinthians, é necessário ter jogadores pelos lados, que marcam e que, rapidamente, chegam ao ataque, como fazem Dentinho e Jorge Henrique. Já Tcheco e Danilo demoram horas para fazer as duas coisas.


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