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AUTOMOBILISMO
Alemão segura atual campeão da F-1 no GP de San Marino e quebra jejum de dez meses sem vencer corridas
Schumacher se vinga e dá lição em Alonso
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A IMOLA
Michael Schumacher não esperou que se completasse um ano.
Exatos 364 dias após ser derrotado com maestria por Fernando
Alonso, na corrida que definiu os
rumos do último Mundial, o alemão conseguiu um troco à altura.
No mesmo circuito, Imola, na
Itália, o ferrarista venceu ontem o
GP de San Marino, quarta etapa
da temporada de F-1, num cenário inverso ao de 2005. Com um
carro mais lento, deu aula de pilotagem, segurou o espanhol atrás
de si por 23 voltas e recolocou-se
na luta pelo campeonato.
Foi sua 85ª vitória na categoria,
a primeira em dez meses, seu
maior jejum desde 93. Mas o alívio no seu semblante ontem não
era de ampliação de recorde ou de
fim de fila. Era de vingança.
"Como vimos no ano passado,
ultrapassar aqui é quase impossível, a não ser que o sujeito à frente
cometa um erro. A experiência
me ensinou que precisaria manter
o Fernando atrás de mim, mas no
meu ritmo, não acelerando tudo.
Foi o que fiz", disse Schumacher,
desentalando a frustração guardada por quase um ano.
Naquele 24 de abril de 2005,
Alonso, então só um aspirante a
astro, liderava o GP de San Marino quando viu o alemão no seu
retrovisor na 50ª das 62 voltas.
Maior campeão de todos os
tempos, 13 anos mais velho e correndo no circuito da Ferrari,
Schumacher passou 11 voltas tentando, atacando, incomodando.
Pressão demais para qualquer
outro piloto. Não para o espanhol, que defendeu a liderança
com precisão e venceu com 0s215
de folga, a 14ª chegada mais apertada de toda a história da F-1.
Ontem, tudo indicava definição
parecida. A cinco voltas da bandeirada, Alonso estava a 0s396 do
líder. Mas, então, deu a Schumacher o gosto de vê-lo errar: pôs as
rodas na grama a três voltas do
fim, enterrando a disputa. O perseguidor cruzou a linha de chegada 2s096 atrás do perseguido.
Notório mau perdedor, o espanhol estava resignado após a prova. Reconheceu que levou uma lição. "Meu carro estava muito
mais rápido que o dele depois do
primeiro pit e eu decidi pressioná-lo, para ver se ele cometia um
erro. Como ele não errava, no fim
da prova coloquei todos os giros
do motor, tentei ultrapassar, mas
não consegui. Tentei de tudo."
Tentou. Desde a largada. Saindo
em quinto, o piloto da Renault ganhou a posição de Rubens Barrichello na primeira curva e pulou
para quarto. Na pole position pela
66ª vez na carreira, Schumacher
tentava se aproveitar do "paredão" que havia entre ele e o espanhol: Jenson Button, segundo, e
Felipe Massa, terceiro.
Na 16ª volta, ganhou mais um
posto, com a parada de Button
nos boxes. Ao fim da primeira janela de pits, já era o segundo, ultrapassando também o brasileiro.
Partiu, então, ao encalço de
Schumacher. Na 26ª volta, quando estabeleceu-se como vice-líder, estava a 11s272 da Ferrari.
Cinco giros depois, já havia levado a diferença para 4s665. Na 34ª,
encostou: 0s422 para o alemão.
Alonso, como admitiria mais
tarde, começou a tentar induzir o
líder ao erro. Nada. Tentou, então, vencê-los nos boxes. Antecipou seu segundo pit em seis voltas
e parou na 41ª. Schumacher reagiu parando no giro seguinte e
voltando ainda na ponta. O espanhol então foi para o "Plano C":
acelerou tudo o que pôde para
tentar ultrapassá-lo. Não conseguiu e ainda foi para a grama.
Desde o GP de Mônaco de 2002
a F-1 não via uma perseguição tão
longa como a de ontem. Na ocasião, Schumacher ficou 26 voltas
atrás de David Coulthard, então
na McLaren, e também não passou. Não tentou, é fato. Nem
guardou rancor, como em 2005.
Porque sabia que em 2002 o título estava em suas mãos. E porque sabia que o escocês não era
uma ameaça à sua supremacia.
Supremacia que tenta reconquistar. O primeiro passo foi dado: com o resultado em Imola, foi
dormir ontem vice-líder do Mundial, 15 pontos atrás do espanhol.
E acordaria neste 24 de abril certo de que teria pela frente um dia
muito mais prazeroso que o 24 de
abril do ano passado.
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