São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010

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Rodrigão, 31, busca acertar seu "fuso"

Atacante que rodou por mais de 12 clubes na carreira conta com apenas uma conquista no currículo, o Baiano de 2008

Finalista do Estadual com o Santo André tenta encerrar sina de estar sempre na hora e no lugar errados, como fez ao "largar" meninos da Vila

RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O atacante Rodrigão, 31, já foi apresentado em mais de uma dezena de clubes. Mas só a partir de 2008 passou a carregar um título em sua ficha técnica: a conquista daquele Baiano.
Foi a única oportunidade em mais de dez anos de carreira profissional, e várias trocas de camisas, na qual Rodrigão esteve na hora e no lugar corretos.
Uma mistura de infelizes coincidências com um pouco de azar e de relaxamento do atleta fizeram daquele troféu no Vitória um objeto ímpar.
"Sei das minhas limitações, que não sou nenhum craque. As coisas poderiam ter dado certo, mas, se não deram, tive minha parcela de culpa", confessa o atacante do Santo André.
Aliás, a oportunidade de ser titular do clube do ABC na primeira partida da decisão do Paulista contra o Santos, amanhã, parece um raro instante de sorte na trajetória de Rodrigão.
Nunes, o titular da camisa 9, dificilmente terá condições de entrar em campo. Ele sofre de um problema muscular crônico na coxa direita que voltou a incomodá-lo recentemente.
Tudo bem que, para vestir uma segunda faixa de campeão, Rodrigão terá de ajudar seus companheiros a baterem o melhor time brasileiro desta temporada -que, por sinal, foi onde ele começou a carreira.
Após quatro anos na base do Santos, foi emprestado ao Internacional. Voltou à Vila Belmiro em 2001 e iniciou a série de mudanças equivocadas.
Uma oferta do Saint-Étienne, da França, tirou-o do país pela primeira vez. Além de não ter dado certo na Europa, onde ficou por apenas seis meses, Rodrigão perdeu a chance de integrar a segunda geração dos meninos da Vila que, em 2002, conquistaria o Brasileiro.
"Devido ao jejum de títulos do Santos, a pressão era muito grande. E os mais prejudicados eram os mais novos que estavam sendo lançados, como eu, o Adiel, o Baiano. Tinham muitas pratas da casa que poderiam ter dado um retorno melhor", lamenta-se o centroavante.
Rodrigão atribui o fracasso no futebol francês ao fator psicológico. Perdeu a mãe, vítima de um tumor cerebral, dois meses antes de embarcar. Chegando lá, diz que não havia uma pessoa a quem recorrer.
"Haviam prometido um valor em luvas e, quando vi o contrato, não era nada disso. Levei um enorme prejuízo e mal consegui jogar. Disputei uns cinco, seis jogos em seis meses."
Naquela ocasião, ele admite, teve influência também um defeito que o perseguiu durante a carreira. "Sempre precisei de uma motivação, de uma pessoa do lado para me mostrar do que sou capaz. Eu me desinteressava rapidamente. Pensei em largar o futebol umas três vezes."
Em 2007, o atacante teve uma boa passagem pelo Palmeiras. No final do ano, o Atlético-PR não quis reemprestá- -lo. Meses depois, a repetição da sina: os paulistas conquistaram o título do Estadual.
Azar? "Sempre pensei que a sorte está aliada ao trabalho. Tive altos e baixos na carreira. Às vezes, não estava no lugar certo e na hora certa", admite. Nos próximos domingos, ele espera acertar ambos em cheio.


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