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Rodrigão, 31, busca acertar seu "fuso"
Atacante que rodou por mais de 12 clubes na carreira conta com apenas uma conquista no currículo, o Baiano de 2008
Finalista do Estadual com o
Santo André tenta encerrar
sina de estar sempre na hora
e no lugar errados, como fez
ao "largar" meninos da Vila
RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O atacante Rodrigão, 31, já foi
apresentado em mais de uma
dezena de clubes. Mas só a partir de 2008 passou a carregar
um título em sua ficha técnica:
a conquista daquele Baiano.
Foi a única oportunidade em
mais de dez anos de carreira
profissional, e várias trocas de
camisas, na qual Rodrigão esteve na hora e no lugar corretos.
Uma mistura de infelizes
coincidências com um pouco
de azar e de relaxamento do
atleta fizeram daquele troféu
no Vitória um objeto ímpar.
"Sei das minhas limitações,
que não sou nenhum craque. As
coisas poderiam ter dado certo,
mas, se não deram, tive minha
parcela de culpa", confessa o
atacante do Santo André.
Aliás, a oportunidade de ser
titular do clube do ABC na primeira partida da decisão do
Paulista contra o Santos, amanhã, parece um raro instante de
sorte na trajetória de Rodrigão.
Nunes, o titular da camisa 9,
dificilmente terá condições de
entrar em campo. Ele sofre de
um problema muscular crônico
na coxa direita que voltou a incomodá-lo recentemente.
Tudo bem que, para vestir
uma segunda faixa de campeão,
Rodrigão terá de ajudar seus
companheiros a baterem o melhor time brasileiro desta temporada -que, por sinal, foi onde ele começou a carreira.
Após quatro anos na base do
Santos, foi emprestado ao Internacional. Voltou à Vila Belmiro em 2001 e iniciou a série
de mudanças equivocadas.
Uma oferta do Saint-Étienne, da França, tirou-o do país
pela primeira vez. Além de não
ter dado certo na Europa, onde
ficou por apenas seis meses,
Rodrigão perdeu a chance de
integrar a segunda geração dos
meninos da Vila que, em 2002,
conquistaria o Brasileiro.
"Devido ao jejum de títulos
do Santos, a pressão era muito
grande. E os mais prejudicados
eram os mais novos que estavam sendo lançados, como eu, o
Adiel, o Baiano. Tinham muitas
pratas da casa que poderiam ter
dado um retorno melhor", lamenta-se o centroavante.
Rodrigão atribui o fracasso
no futebol francês ao fator psicológico. Perdeu a mãe, vítima
de um tumor cerebral, dois meses antes de embarcar. Chegando lá, diz que não havia uma
pessoa a quem recorrer.
"Haviam prometido um valor em luvas e, quando vi o contrato, não era nada disso. Levei
um enorme prejuízo e mal consegui jogar. Disputei uns cinco,
seis jogos em seis meses."
Naquela ocasião, ele admite,
teve influência também um defeito que o perseguiu durante a
carreira. "Sempre precisei de
uma motivação, de uma pessoa
do lado para me mostrar do que
sou capaz. Eu me desinteressava rapidamente. Pensei em largar o futebol umas três vezes."
Em 2007, o atacante teve
uma boa passagem pelo Palmeiras. No final do ano, o Atlético-PR não quis reemprestá-
-lo. Meses depois, a repetição
da sina: os paulistas conquistaram o título do Estadual.
Azar? "Sempre pensei que a
sorte está aliada ao trabalho.
Tive altos e baixos na carreira.
Às vezes, não estava no lugar
certo e na hora certa", admite.
Nos próximos domingos, ele
espera acertar ambos em cheio.
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