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AUTOMOBILISMO
Compromisso foi assinado junto com a renovação de contrato
Ferrari obriga Barrichello
a não criticar escuderia
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MÔNACO
A prorrogação do contrato não
foi o único documento que Rubens Barrichello assinou para garantir sua permanência na Ferrari
em 2002. Por exigência da cúpula
ferrarista, ele firmou um termo se
comprometendo a não criticar
mais a escuderia publicamente.
A determinação tem efeito imediato e foi imposta para evitar que
o ambiente interno do time voltasse a ser perturbado pelas declarações do brasileiro. Isso já aconteceu duas vezes neste ano, após
os GPs da Malásia, em março, e da
Áustria, há apenas 11 dias.
Na visão dos dirigentes, seria
desastroso se Barrichello voltasse
a criticar o time neste final de semana, em Mônaco, logo após o
anúncio oficial de sua renovação.
Os primeiros treinos livres para
o GP, sétima etapa do Mundial,
serão realizados hoje, a partir das
6h (horário de Brasília). A sexta-feira, como é tradição no principado de Mônaco, será dia de folga
para os pilotos da F-1.
A Folha apurou que Barrichello
concordou em assinar o termo de
compromisso depois de um jantar em Fiorano, na quarta-feira da
semana passada. Três pessoas o
acompanharam na mesa: Luca di
Montezemolo, presidente da Ferrari, Jean Todt, o diretor esportivo, e Michael Schumacher.
Até o encontro, a posição do
brasileiro no time para o Mundial
do ano que vem corria sério risco.
Só com a aprovação de Barrichello é que foi definida a data em
que as renovações dos contratos
seriam anunciadas: dia 22, anteontem. O brasileiro, cujo contrato original venceria em dezembro, ficará até o final de 2002.
Schumacher, antes confirmado
até 2002, estendeu seu compromisso até 2004.
A adoção do termo do compromisso segue a estratégia da Ferrari
de criar todas as condições para
que o alemão tenha tranquilidade
para lutar pelo campeonato. A antecipação das renovações, normalmente só anunciadas no segundo semestre, já sugeria isso.
A manobra já produziu resultados ontem, na primeira entrevista
coletiva dos dois pilotos após o
anúncio. No caminhão da Ferrari,
estacionado no porto de Mônaco,
Barrichello foi questionado sobre
o que aprendeu desde sua chegada à equipe, no fim de 1999.
"Aprendi que devo falar muito
menos", respondeu, para em seguida emendar elogios ao time.
"A equipe me recebeu muito
bem para conversar sobre o contrato. Foi um presente. Já estava
combinado que o anúncio da renovação iria ser feito bem no meu
aniversário", declarou o brasileiro, que completou 29 anos ontem.
"Isso vai me tranquilizar."
Barrichello, que não falou sobre
valores -na Europa, especula-se
que ele irá receber US$ 8 milhões
no próximo ano, um aumento salarial de 60%- nem sobre o termo de compromisso, disse que os
pontos de seu novo contrato são
os mesmos do acordo atual.
""É praticamente o mesmo contrato. E se vocês querem saber se
há uma cláusula dizendo que eu
devo deixar o Michael passar, já
falo que não existe", afirmou.
"Tenho é que seguir as ordens
da equipe. Estou muito feliz aqui,
mas sou uma pessoa de opinião
forte. Como em toda a família, às
vezes a gente discorda, mas depois conversa e tudo fica bem",
emendou o brasileiro.
Contrariando o que havia dito
em Zeltweg, há duas semanas,
Barrichello ainda afirmou ontem
que foi sondado por outras equipes. "As conversas sempre acontecem. Por mais que você agradeça e explique que já tem um contrato, as conversas acontecem."
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