São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO

Compromisso foi assinado junto com a renovação de contrato

Ferrari obriga Barrichello a não criticar escuderia

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MÔNACO

A prorrogação do contrato não foi o único documento que Rubens Barrichello assinou para garantir sua permanência na Ferrari em 2002. Por exigência da cúpula ferrarista, ele firmou um termo se comprometendo a não criticar mais a escuderia publicamente.
A determinação tem efeito imediato e foi imposta para evitar que o ambiente interno do time voltasse a ser perturbado pelas declarações do brasileiro. Isso já aconteceu duas vezes neste ano, após os GPs da Malásia, em março, e da Áustria, há apenas 11 dias.
Na visão dos dirigentes, seria desastroso se Barrichello voltasse a criticar o time neste final de semana, em Mônaco, logo após o anúncio oficial de sua renovação.
Os primeiros treinos livres para o GP, sétima etapa do Mundial, serão realizados hoje, a partir das 6h (horário de Brasília). A sexta-feira, como é tradição no principado de Mônaco, será dia de folga para os pilotos da F-1.
A Folha apurou que Barrichello concordou em assinar o termo de compromisso depois de um jantar em Fiorano, na quarta-feira da semana passada. Três pessoas o acompanharam na mesa: Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari, Jean Todt, o diretor esportivo, e Michael Schumacher.
Até o encontro, a posição do brasileiro no time para o Mundial do ano que vem corria sério risco.
Só com a aprovação de Barrichello é que foi definida a data em que as renovações dos contratos seriam anunciadas: dia 22, anteontem. O brasileiro, cujo contrato original venceria em dezembro, ficará até o final de 2002. Schumacher, antes confirmado até 2002, estendeu seu compromisso até 2004.
A adoção do termo do compromisso segue a estratégia da Ferrari de criar todas as condições para que o alemão tenha tranquilidade para lutar pelo campeonato. A antecipação das renovações, normalmente só anunciadas no segundo semestre, já sugeria isso.
A manobra já produziu resultados ontem, na primeira entrevista coletiva dos dois pilotos após o anúncio. No caminhão da Ferrari, estacionado no porto de Mônaco, Barrichello foi questionado sobre o que aprendeu desde sua chegada à equipe, no fim de 1999.
"Aprendi que devo falar muito menos", respondeu, para em seguida emendar elogios ao time.
"A equipe me recebeu muito bem para conversar sobre o contrato. Foi um presente. Já estava combinado que o anúncio da renovação iria ser feito bem no meu aniversário", declarou o brasileiro, que completou 29 anos ontem. "Isso vai me tranquilizar."
Barrichello, que não falou sobre valores -na Europa, especula-se que ele irá receber US$ 8 milhões no próximo ano, um aumento salarial de 60%- nem sobre o termo de compromisso, disse que os pontos de seu novo contrato são os mesmos do acordo atual.
""É praticamente o mesmo contrato. E se vocês querem saber se há uma cláusula dizendo que eu devo deixar o Michael passar, já falo que não existe", afirmou.
"Tenho é que seguir as ordens da equipe. Estou muito feliz aqui, mas sou uma pessoa de opinião forte. Como em toda a família, às vezes a gente discorda, mas depois conversa e tudo fica bem", emendou o brasileiro.
Contrariando o que havia dito em Zeltweg, há duas semanas, Barrichello ainda afirmou ontem que foi sondado por outras equipes. "As conversas sempre acontecem. Por mais que você agradeça e explique que já tem um contrato, as conversas acontecem."


Texto Anterior: Futebol - Soninha: Polêmica, oba!
Próximo Texto: Schumacher fala de aposentadoria e de Fangio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.