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Bosco pretende virar pastor evangélico em 5 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
Para quem superou tumores,
drogas, rebeldia, ser pai na adolescência e a reserva do intocável são-paulino Rogério, trabalhar mais cinco anos como goleiro não será tanto sacrifício.
É justamente em 2011 que o
pernambucano Bosco pretende
aposentar as luvas e realizar
seu sonho: virar pastor.
"Farei curso para ensinar as
pessoas da minha igreja [a
evangélica Assembléia de Deus,
no bairro do Bom Retiro, na capital]", falou o jogador, nascido
há 31 anos em Escada.
Ao estrear hoje no Brasileiro,
substituindo o maior ídolo do
time, convocado para a seleção,
Bosco terá sua oitava chance no
gol são-paulino desde que chegou ao clube, em novembro.
É consenso, porém, que Rogério -titular desde 97- só
perderá a posição quando sair.
"Vim sabendo que ele não dá
muitas oportunidades a seus
reservas. A não ser nas seis vezes em que o substituí [no Paulista-06] por causa da operação
que ele passou. E na Libertadores [dia 1º de março diante do
Caracas, na Venezuela] porque
ele havia sido convocado para
um amistoso da seleção."
Sua única certeza, entretanto, é que será o guarda metas do
time principal nas próximas
quatro rodadas antes da paralisação do Nacional devido à Copa do Mundo.
Mas após o Mundial da Alemanha, Bosco, contratado só
até o fim deste ano, se contentará em voltar ao banco.
"Essa situação não me aborrece", falou o reserva de 1,84m,
que hoje terá a missão de confirmar o apelido de "Paredão",
ganho da torcida cearense
quando defendeu o Fortaleza.
Além de serem seu instrumento de trabalho, suas mãos
contam muito também da turbulenta vida que teve.
"Meus pais se separaram cedo e me revoltei. Usei drogas na
adolescência para agradar uma
namorada. Ainda sou surfista,
mas antes só ficava na praia
[em Recife] fumando [maconha] e nem estudava", disse.
O início da mudança que o
transformou hoje num "homem exemplar" veio após descobrir em exames médicos que
tinha tumores nas pontas dos
dedos (polegar e indicador) da
mão esquerda, isso perto de
completar 14 anos de idade.
"Me livrei dos tumores, mas
fiquei sem parte do dedo indicador como lembrança. Isso, no
entanto, não me atrapalha na
hora de agarrar ou defender
uma bola. Até porque aconteceu antes de eu entrar no futebol e já me acostumei", falou
Bosco, que sofreu nove gols em
sete jogos neste ano.
Outra descoberta na vida de
Bosco também foi imprescindível para ele amadurecer. Se tornou pai precocemente, com
apenas 16 anos. Casou-se e teve
responsabilidades que só imaginaria ter muitos anos depois.
"Ser pai tão novo me ensinou
muita coisa. Aprendi muito
com minha esposa. Ela me levou para a igreja. Lá passei a dar
meu testemunho de como me
livrei do mundo das drogas. Devo muito a minha família", falou o goleiro são-paulino, que
tem mais dois filhos.
(KT)
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