São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Líder, Hamilton diz que "ficha ainda não caiu"

Inglês diz ser estranho brilhar entre seus ídolos

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A MÔNACO

Lewis Hamilton atingiu um novo status. Pela primeira vez, o novato chega a um final de semana de GP como líder do Mundial de F-1. O cenário para a estréia dessa nova condição não podia ter mais a cara da categoria do que as glamourosas e famosas ruas de Mônaco.
Mas, apesar do frenesi que agora o cerca, o inglês de 22 anos ainda se diz chocado por correr ao lado de pilotos que havia pouco tempo acompanhava somente pela TV.
"Acho que a ficha ainda não caiu. Olho para as corridas e penso: "Uau, terminei em segundo, atrás do Felipe Massa'", falou Hamilton, que, após o último GP, cumprimentou o brasileiro com tapinhas, cotoveladas e sorrisos. "Nos últimos anos, assistia a esses caras pela TV e os admirava. E agora estou entre eles... É difícil até encontrar palavras", declarou ele.
Único piloto a terminar todas as corridas no pódio, Hamilton assumiu a ponta da classificação no GP de Barcelona, há dez dias, e acabou ofuscando seu companheiro de equipe, o bicampeão Fernando Alonso, vice-líder do Mundial.
Cria da McLaren desde os 12 anos, quando foi escolhido em uma seletiva de kart, o piloto inglês começou o ano com menos prestígio do que o companheiro de equipe, especialmente no quesito salário. Hoje, Hamilton figura dois pontos à frente do espanhol na tabela.
Situação parecida com a de Massa no início da temporada, que viu Kimi Raikkonen chegar à Ferrari ganhando três vezes mais do que ele, mesmo tendo sido "criado" dentro da equipe -o brasileiro agora tem cinco pontos a mais que o finlandês.
Sobre sua relação com Alonso, Hamilton faz questão de frisar que ela nunca foi de mentor e pupilo. "Para falar a verdade, nunca a vi dessa maneira.
"Temos um grande respeito um pelo outro. Somos profissionais e, como em qualquer time, existe uma pequena rivalidade entre nós, mas só nas pistas. Fora delas, somos amigos e podemos conversar sem tensão", acrescentou ele.
Mas os feitos de Hamilton não se resumem apenas a estar na frente de seu companheiro de equipe. Além de ser o melhor estreante da história da F-1, ele é também o mais jovem a liderar o campeonato -ironicamente, quebrou o recorde que antes pertencia a Bruce McLaren, fundador da equipe para a qual corre, que ostentava a marca desde o Mundial de 60.
Além do ótimo desempenho no início do campeonato, Hamilton chega com boas credenciais a Montecarlo: ganhou as três corridas que disputou nas ruas do principado (duas na F-3 e uma na GP2).
"Agora a "fera" é um pouco diferente", brincou o novato.
Se o inglês ainda não consegue acreditar direito no estágio que alcançou dentro das pistas, para quem o vê fora delas a diferença é facilmente perceptível.
Na Austrália, há pouco mais de dois meses, Hamilton circulava quase incógnito pelo paddock de Melbourne antes da abertura da temporada.
Ontem, em Mônaco, onde os torcedores contam com mais acesso aos pilotos devido às características especiais do circuito, o inglês não conseguia dar mais que três passos sem ser parado por alguém.
Paciente, fazia questão de atender a todos os pedidos de fotografias e autógrafos. Suas entrevistas, agora, estão entre as mais badaladas.
No domingo, Hamilton correrá com um capacete com a palavra "Mônaco" escrita em diamantes. "Estou brilhando agora." Literalmente.


NA TV - Treino livre para o GP de Mônaco
Sportv, ao vivo, às 9h



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