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MOTOR
O filho e o sobrinho
Nenhum dos dois mostrou ser um virtuose até agora, mas na F-1 o que conta é o tal "lugar certo na hora certa"
FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
NELSINHO chegou a Mônaco,
abriu o "Red Bulletin", jornalzinho bem-humorado
produzido pela Red Bull e achou sua
foto ali, na coluna "up and down".
Estampando o "down".
Há mais de uma semana, desde
que um diretor da Renault fez um
ultimato no podcast do site da equipe, a pressão sobre o brasileiro foi
escancarada. Em Mônaco, é alvo de
olhares enviesados, de comentários
condenatórios, entrou naquele espiral cruel nem sempre justo que vira-e-mexe vitima um jovem piloto.
Cruel e nem sempre justo, mas
que sempre foi assim na F-1. E para
virar o jogo, é complicado. Porque a
pressão vem de dentro da equipe.
Bruno chegou a Mônaco e, de cara,
teve de responder a trocentas perguntas sobre o tio e suas façanhas no
principado. Normal, ele já está acostumado a esse tipo de questionamento e tira de letra, numa boa.
Daí, foi pra pista e cravou o segundo lugar no grid. Daí, voltou pra pista
e, exatos 15 anos após a sexta e última vitória de Senna nas ruas de
Montecarlo, venceu a prova da GP2.
"Isso virou uma loucura, só falam
na vitória dele por aqui", relatou Tatiana Cunha, enviada da Folha.
A F-1 está louca, sim, para fazer
de Bruno um queridinho. E ele ajuda. É simpático, atencioso e fala o
que todo mundo quer ouvir. "Para
ser bem sincero, ontem [quinta],
antes de dormir, eu lembrava como o Ayrton era agressivo na primeira curva. Não precisei ser
agressivo, tive uma largada muito
boa e só defendi a posição. Aprendo tudo o que posso com o Ayrton".
Deve estampar o "up", ou coisa
melhor, no "Red Bulletin" de hoje.
O filho não presta e o sobrinho é
o novo redentor? Menos, menos...
Tecnicamente, deixando de lado
a má fase de um e a boa fase de outro, nenhum dos dois mostrou até
agora ser um virtuose. Mas a F-1
não é feita apenas de grandes talentos, e alguns pilotos medianos
foram até campeões (Hill, Villeneuve, Rosberg, Scheckter...).
Como acontece sempre, as sortes
de Nelsinho e Bruno serão definidas pelo "lugar certo na hora certa". E o filho, talvez, pode não estar.
UM PASSO À FRENTE
Apontar um favoritismo em Indianápolis beira a insensatez, mas Dixon e Wheldon começam a prova
um passo à frente dos demais. Chega a ser espantoso o refinamento
do acerto da Ganassi nos ovais. Entre os brasileiros, Castro Neves e
Kanaan, os mesmos de sempre, são
os únicos que podem aprontar.
UM PÉ ATRÁS
Na Stock, uma prova com antidoping, um piloto flagrado, e duas dúvidas no ar. Por que a CBA não revela a substância encontrada no
exame de Salustiano? Por que o
exame não aconteceu em Brasília e
Curitiba? O preço, R$ 10 mil por
etapa, é nada para a categoria...
fseixas@folhasp.com.br
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