São Paulo, sábado, 24 de maio de 2008

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MOTOR

O filho e o sobrinho

Nenhum dos dois mostrou ser um virtuose até agora, mas na F-1 o que conta é o tal "lugar certo na hora certa"

FÁBIO SEIXAS
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

NELSINHO chegou a Mônaco, abriu o "Red Bulletin", jornalzinho bem-humorado produzido pela Red Bull e achou sua foto ali, na coluna "up and down".
Estampando o "down".
Há mais de uma semana, desde que um diretor da Renault fez um ultimato no podcast do site da equipe, a pressão sobre o brasileiro foi escancarada. Em Mônaco, é alvo de olhares enviesados, de comentários condenatórios, entrou naquele espiral cruel nem sempre justo que vira-e-mexe vitima um jovem piloto. Cruel e nem sempre justo, mas que sempre foi assim na F-1. E para virar o jogo, é complicado. Porque a pressão vem de dentro da equipe.
Bruno chegou a Mônaco e, de cara, teve de responder a trocentas perguntas sobre o tio e suas façanhas no principado. Normal, ele já está acostumado a esse tipo de questionamento e tira de letra, numa boa. Daí, foi pra pista e cravou o segundo lugar no grid. Daí, voltou pra pista e, exatos 15 anos após a sexta e última vitória de Senna nas ruas de Montecarlo, venceu a prova da GP2.
"Isso virou uma loucura, só falam na vitória dele por aqui", relatou Tatiana Cunha, enviada da Folha.
A F-1 está louca, sim, para fazer de Bruno um queridinho. E ele ajuda. É simpático, atencioso e fala o que todo mundo quer ouvir. "Para ser bem sincero, ontem [quinta], antes de dormir, eu lembrava como o Ayrton era agressivo na primeira curva. Não precisei ser agressivo, tive uma largada muito boa e só defendi a posição. Aprendo tudo o que posso com o Ayrton".
Deve estampar o "up", ou coisa melhor, no "Red Bulletin" de hoje.
O filho não presta e o sobrinho é o novo redentor? Menos, menos...
Tecnicamente, deixando de lado a má fase de um e a boa fase de outro, nenhum dos dois mostrou até agora ser um virtuose. Mas a F-1 não é feita apenas de grandes talentos, e alguns pilotos medianos foram até campeões (Hill, Villeneuve, Rosberg, Scheckter...).
Como acontece sempre, as sortes de Nelsinho e Bruno serão definidas pelo "lugar certo na hora certa". E o filho, talvez, pode não estar.

UM PASSO À FRENTE
Apontar um favoritismo em Indianápolis beira a insensatez, mas Dixon e Wheldon começam a prova um passo à frente dos demais. Chega a ser espantoso o refinamento do acerto da Ganassi nos ovais. Entre os brasileiros, Castro Neves e Kanaan, os mesmos de sempre, são os únicos que podem aprontar.

UM PÉ ATRÁS
Na Stock, uma prova com antidoping, um piloto flagrado, e duas dúvidas no ar. Por que a CBA não revela a substância encontrada no exame de Salustiano? Por que o exame não aconteceu em Brasília e Curitiba? O preço, R$ 10 mil por etapa, é nada para a categoria...


fseixas@folhasp.com.br

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