Espanhol busca quinto título em Roland Garros

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Há tenistas com mais títulos. Há outros que foram campeões mais novos. Mas o espanhol Rafael Nadal, 22, busca em Roland Garros, que começa hoje em Paris, um feito inédito no profissionalismo (desde 1968).
Se confirmar o favoritismo e vencer o Aberto da França pela quinta vez, Nadal, que faz sua estreia contra o brasileiro Marcos Daniel, iguala-se ao sueco Bjorn Borg e ao suíço Roger Federer como legítimo pentacampeão (cinco títulos seguidos) de um Grand Slam.
A diferença é que o espanhol alcançaria a marca sem nunca ter sofrido derrota no torneio.
Borg foi campeão na grama de Wimbledon de 1976 a 1980, mas, antes do primeiro título, disputou o torneio três vezes.
Arquirrival de Nadal, Federer registrou tamanha soberania em dois torneios, em Wimbledon (2003 a 2007) e no Aberto dos EUA (2004 a 2008).
O suíço somente chegou ao título em Londres na quinta participação, sendo que em três edições (1999, 2000 e 2002) foi eliminado na estreia.
Em Nova York, Federer também precisou de cinco tentativas para alcançar o troféu.
A história mostra que chegar ao título na estreia em um Grand Slam é um fato raro.
Além de Nadal, no profissionalismo, apenas outros dois tenistas foram campeões na primeira participação em um dos quatro maiores torneios do circuito: o sueco Mats Wilander, em Roland Garros-82, e o norte-americano Vitas Gerulaitis, no Aberto da Austrália-77.
O histórico em Roland Garros, aliado ao excelente desempenho na terra batida, já faz alguns especialistas apontarem Nadal não apenas como o atual rei do saibro mas também o maior tenista da história na superfície mais lenta do tênis.
Desde 2005, ano de seu primeiro triunfo em Paris, o tenista de Manacor registra 150 vitórias e cinco derrotas no piso, ou um aproveitamento de 96,7%.
Maior campeão de Roland Garros, com seis títulos (não consecutivos), Borg ostenta aproveitamento de 88,16% (134 vitórias em 152 partidas).
Nadal tem ainda a maior série de triunfos consecutivos no saibro (81), de abril de 2005 a maio de 2007. A sequência que mais se aproxima é a do argentino Guillermo Vilas, que conseguiu 53 vitórias seguidas.
Com 25 títulos na terra batida, o espanhol ainda está longe do recorde de Vilas (43), que amealhou esses troféus em 13 anos -Nadal gastou menos de cinco temporadas para isso.
Mesmo com todos esses números, Nadal não chega à França com a confiança intacta. Ontem, num jogo treino de um set na quadra central, perdeu por 7 a 5 para o argentino Brian Dabul. No domingo passado, jogando para valer, o espanhol amargou sua primeira derrota no saibro em 2009.
Federer o bateu diante de sua torcida e ficou com o título do Masters 1.000 de Madri.
"É importante vencer Rafa às vésperas de Roland Garros", afirmou Federer, vítima do espanhol nas três últimas finais do Grand Slam francês.
Nadal não procurou desculpas para o revés, mas deixou claro que as condições devem ser muito diferentes em Paris.
Em sua opinião, a quadra da Caixa Mágica estava "rápida", muito mais favorável ao rival.
Federer, em busca do único Grand Slam que falta em seu currículo, também tentou não se empolgar muito. "Ele é sólido como uma rocha."