São Paulo, terça-feira, 24 de maio de 2011

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Paes diz que "lapso" o fez limitar APO

2016
Prefeito do Rio sanciona lei em que cidade tem poder de restringir atuação do órgão federal nos Jogos

BERNARDO ITRI
EDUARDO OHATA

DO PAINEL FC

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

Num "lapso de atenção", o prefeito do Rio, Eduardo Paes, sancionou lei que impõe limites à atuação da APO (Autoridade Pública Olímpica) e vai contra o texto federal já aprovado, que dá independência ao órgão.
Pela lei, a APO não poderá executar qualquer obra para a Olimpíada-16 sem autorização da Câmara do Rio.
A lei também impede que a APO represente o município "em contatos com entidades, pessoas físicas ou jurídicas ou órgãos de caráter nacional ou internacional". Na prática, dificultará contato com órgãos, como o Comitê Olímpico Internacional.
Paes ainda tentou vetar esses dois pontos da lei, mas a assessoria jurídica da Câmara negou-lhe o pedido.
As exigências foram incluídas no projeto de lei sancionado no dia 14 de abril. Cinco dias depois, Paes enviou ofício à Câmara comunicando o cancelamento da sanção total e vetando os dois pontos. Em seu pedido, o prefeito afirma que um "lapso de atenção" o levou a sancionar a lei totalmente.
"Visando prestigiar a competência e o comprometimento com o sucesso da Olimpíada dos senhores vereadores, demonstrados quando eles votaram aquele projeto em duas sessões extraordinárias num mesmo dia, decidi fazer a sua sanção nesse mesmo dia", diz o prefeito, em ofício à Câmara.
"No entanto, essa rapidez acabou provocando um lapso de atenção que me levou a sancionar dois dispositivos que, se existentes, poderiam gerar dificuldades para o bom andamento das tarefas necessárias para a realização da Olimpíada em 2016."
Ele assume que submeter as obras à Câmara poderá "burocratizar e atrasar", além de "comprometer todo o cronograma" dos Jogos.
A assessoria jurídica do presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB), disse não ser possível o cancelamento.
Paes e o governador Sérgio Cabral (PMDB) sempre tentaram evitar que a APO tivesse poderes excessivos.
Escolhido para presidir a APO, Henrique Meirelles ficou contrariado com esses dispositivos e com a criação da AOM (Autoridade Olímpica Municipal), criada na mesma lei em que tentou vetar os pontos polêmicos.
A alternativa de Paes, agora, é enviar novo projeto de lei retirando esses itens. Mas até o líder do prefeito na Câmara, Adilson Pires (PT), vê dificuldades para tanto.
"Acho difícil a Casa aceitar de forma tranquila. Nenhum vereador vai querer abrir mão do poder", disse Pires.
Procurado, o prefeito não se pronunciou sobre o caso.


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