|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Que tal o Denílson como ponta-esquerda?
MATINAS SUZUKI JR.
do Conselho Editorial
Meus amigos, meus inimigos,
o Paraguai encolheu diante da
camisa brasileira.
Começou bem distribuído e
tocando a bola corretamente,
mas o primeiro gol de Ronaldinho, fruto da inexperiência de
um jovem zagueiro, bastou para enrustir o time de Carpegiani, que passou a jogar errado
no ataque, facilitando o trabalho de Dunga e Gonçalves.
O Brasil fez o suficiente. Mas
não o suficiente para dizer que
é um time modelo, com quer o
velho Lobo do fut Zagallo.
Se não serviu para avançar
em muitos pontos, essa temporada da seleção brasileira serviu, pelo menos, para uma volta triunfadora.
Refiro-me à volta de Roberto
Carlos. Quando ele foi embora
do Palmeiras, para a mesma
Inter que recebe o Ronaldinho,
eu dizia que ele era o melhor
jogador do mundo (como futebol é momento, hoje existem
outros melhores do mundo).
Não atingiu o nível que a expectativa havia criado na Itália, mudou-se para Madri e,
aos poucos, recuperou a fortuna depositada no pé esquerdo.
No futebol brasileiro, talvez
os jogadores mais utilizados
são os laterais que, na defesa,
trabalham na velha linha de
quatro zagueiros e, do
meio-campo para a frente, trabalham no conceito moderno
de alas-apoiadores.
Roberto "Eu Sou Terrível"
Carlos andou mal na seleção,
logo as traíras pediram para
tirar aquele meio-tronco enfiado em duas pernas grossíssimas, mas ele sai da turnê como
soberano. Salve.
Com aquele rodar da perna
esquerda sobre a bola, com a
ginga, com aquela maneira de
driblar fácil e de conduzir a
bola muito próxima aos pés,
com o corpo tomara-que-caia,
sabe quem o futebol do Denílson me faz recordar?
O do Edu, aquele diabo da
ponta-esquerda santista e da
seleção das feras do Saldanha,
talvez o maior driblador que
os meus olhos apertados já viram atuar regularmente (não
vi o Canhoteiro, considerado
pelo Chico Buarque como o
melhor driblador de todos os
tempos, por que ele foi o desfalque na goleada que o São
Paulo tomou do Barretos, no
Alto da Rua 20; e, ao vivo, só vi
o Garrincha na decadência).
O Edu talvez tenha sido o
único jogador que fazia a torcida do Santos esquecer, por
momentos, quando ele estava
com a bola, que naquele time
tinha um jogador melhor do
que ele, o Pelé.
Ao lembrar do Edu, vejo que
o velho Lobo do fut Zagallo
tem ainda uma opção tática
que ele não gosta muito (foi a
utilizada pelo jornalista e então técnico que classificou a
seleção brasileira para a Copa
de 70, João Saldanha): escalar
o Denílson na ponta-esquerda,
em uma opção tática com três
ou quatro atacantes.
Em 69, fechamos as eliminatórias, justamente contra o Paraguai, com Jairzinho, Tostão,
Pelé e Edu. Por que não tentar,
sempre que a ocasião permitir,
um ataque com Edmundo (já
que ele está lá), Ronaldinho,
Romário e Denílson?
Com isso, abriria a vaga para mais um jogador criativo,
Djalminha ou Giovanni -caso se considere que há um excesso de canhotos nesse time.
Não deixa de ser uma alternativa para enfrentar defesas
muito cerradas.
Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e
sábados
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|