São Paulo, terça, 24 de junho de 1997.



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Que tal o Denílson como ponta-esquerda?

MATINAS SUZUKI JR.
do Conselho Editorial

Meus amigos, meus inimigos, o Paraguai encolheu diante da camisa brasileira.
Começou bem distribuído e tocando a bola corretamente, mas o primeiro gol de Ronaldinho, fruto da inexperiência de um jovem zagueiro, bastou para enrustir o time de Carpegiani, que passou a jogar errado no ataque, facilitando o trabalho de Dunga e Gonçalves.
O Brasil fez o suficiente. Mas não o suficiente para dizer que é um time modelo, com quer o velho Lobo do fut Zagallo.

Se não serviu para avançar em muitos pontos, essa temporada da seleção brasileira serviu, pelo menos, para uma volta triunfadora.
Refiro-me à volta de Roberto Carlos. Quando ele foi embora do Palmeiras, para a mesma Inter que recebe o Ronaldinho, eu dizia que ele era o melhor jogador do mundo (como futebol é momento, hoje existem outros melhores do mundo).
Não atingiu o nível que a expectativa havia criado na Itália, mudou-se para Madri e, aos poucos, recuperou a fortuna depositada no pé esquerdo.
No futebol brasileiro, talvez os jogadores mais utilizados são os laterais que, na defesa, trabalham na velha linha de quatro zagueiros e, do meio-campo para a frente, trabalham no conceito moderno de alas-apoiadores.
Roberto "Eu Sou Terrível" Carlos andou mal na seleção, logo as traíras pediram para tirar aquele meio-tronco enfiado em duas pernas grossíssimas, mas ele sai da turnê como soberano. Salve.

Com aquele rodar da perna esquerda sobre a bola, com a ginga, com aquela maneira de driblar fácil e de conduzir a bola muito próxima aos pés, com o corpo tomara-que-caia, sabe quem o futebol do Denílson me faz recordar?
O do Edu, aquele diabo da ponta-esquerda santista e da seleção das feras do Saldanha, talvez o maior driblador que os meus olhos apertados já viram atuar regularmente (não vi o Canhoteiro, considerado pelo Chico Buarque como o melhor driblador de todos os tempos, por que ele foi o desfalque na goleada que o São Paulo tomou do Barretos, no Alto da Rua 20; e, ao vivo, só vi o Garrincha na decadência).
O Edu talvez tenha sido o único jogador que fazia a torcida do Santos esquecer, por momentos, quando ele estava com a bola, que naquele time tinha um jogador melhor do que ele, o Pelé.
Ao lembrar do Edu, vejo que o velho Lobo do fut Zagallo tem ainda uma opção tática que ele não gosta muito (foi a utilizada pelo jornalista e então técnico que classificou a seleção brasileira para a Copa de 70, João Saldanha): escalar o Denílson na ponta-esquerda, em uma opção tática com três ou quatro atacantes.
Em 69, fechamos as eliminatórias, justamente contra o Paraguai, com Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu. Por que não tentar, sempre que a ocasião permitir, um ataque com Edmundo (já que ele está lá), Ronaldinho, Romário e Denílson?
Com isso, abriria a vaga para mais um jogador criativo, Djalminha ou Giovanni -caso se considere que há um excesso de canhotos nesse time.
Não deixa de ser uma alternativa para enfrentar defesas muito cerradas.


Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e sábados



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