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ATLETISMO
Agência antidoping fecha cerco e pode cassar marca de Montgomery
Recordista dos 100 m pode ser banido por toda a vida
DA REPORTAGEM LOCAL
Celebrado há dois anos como o
homem mais rápido do mundo,
Tim Montgomery, 29, pode agora, mais do que não ir à Olimpíada
de Atenas, ser banido do esporte.
O atleta americano foi formalmente acusado pela Usada, a
agência antidoping de seu país, de
usar substâncias proibidas. A
agência enviou uma carta a ele
propondo sua expulsão do esporte, segundo a Associated Press.
O recorde dos 100 m também
pode ser cassado. Documentos da
Usada mostram que Montgomery usou substâncias proibidas
como EPO, hGH (hormônio de
crescimento), THG e insulina a
partir de 2000. As drogas fariam
parte de um projeto para quebrar
o recorde mundial da prova.
Alvo da denúncia, ele pode ainda recorrer à Corte de Arbitragem
do Esporte, em Lausanne (Suíça).
É o primeiro caso na história em
que um competidor pode ser expulso do esporte mesmo não tendo tido nenhum exame positivo.
Nem Ben Johnson, pivô do
maior escândalo de doping na
Olimpíada, teve punição igual.
Flagrado para estanozolol na final
dos 100 m dos Jogos de Seul-88,
foi punido só com suspensão.
Howard Jacobs, um dos advogados do norte-americano, acusou a Usada de "utilizar métodos
macarthistas na tentativa de destruir a reputação" de seu cliente.
Além de Montgomery, outra
atleta de ponta dos EUA também
corre o risco de levar a severa punição. Michelle Collins, 33, campeã dos 200 m no Mundial indoor
de Birmingham, no ano passado,
recebeu carta semelhante.
As inquirições da Usada começaram com o anúncio da descoberta do esteróide anabólico
THG, em outubro de 2003.
O Balco, laboratório apontado
como produtor da nova droga, foi
alvo de investigação da Justiça Federal dos EUA. O inquérito descobriu conexões entre a companhia e várias estrelas do atletismo
norte-americano, entre as quais
estavam Montgomery e sua mulher, Marion Jones, dona de três
ouros nos Jogos de Sydney-00. Os
dois tiveram um filho em 2003.
Sob suspeita, Marion Jones ainda não recebeu nenhuma acusação formal da agência dos EUA.
Collins é sua colega de treinos.
A Folha fez contato, por telefone, com o escritório da Usada, em
Colorado Springs. Seu diretor de
comunicações, Rich Wanninger,
não negou nem confirmou a possibilidade de a agência aplicar a
pena a Montgomery e Collins.
"Só posso dizer que a Usada enviou cartas a vários atletas, acusando-os de violar as regras antidoping da Iaaf [a entidade máxima do atletismo]", declarou ele.
O dirigente se recusou a se aprofundar no assunto mesmo após a
reportagem insistir três vezes. "A
Usada tem a política de não discutir as particularidades dos casos."
Pouco depois, a entidade admitiu, em comunicado oficial, que
havia enviado cartas aos atletas.
A Usada espera resolver essas
pendências antes do início da seletiva olímpica americana, em Sacramento (Califórnia), em julho.
Além de Montgomery e Collins,
a Usada enviou carta a mais dois
atletas: Alvin Harrison, 30, campeão do revezamento 4 x 400 m na
última Olimpíada, e Chryste Gaines, 33, tricampeã mundial no 4 x
100 m (1995, 1997 e 2001).
Com agências internacionais
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