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Morumbi vira ameaça ao futebol do São Paulo
Por Copa, gastos do clube com estádio crescem e os com o elenco têm freio
Em meio à crise do time, diretoria faz lobby com o governo por Morumbi e novo técnico assume hoje, cinco dias depois de acertar
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando o São Paulo entrou
em crise nos últimos anos, era
certo surgir o presidente Juvenal Juvêncio. Pressionava jogadores e comissão técnica, aparecia na imprensa para dar explicações e segurava o treinador. O time reerguia-se.
Foi diferente neste ano. O
cartola tem se dedicado mais ao
projeto do Morumbi para a Copa-2014, atacado pela Fifa. Ontem, acompanhava o presidente Lula em visita ao estádio.
"O futebol é importante. A
Copa é importante. O São Paulo
tem estrutura para lidar com as
duas questões", disse Juvenal,
ontem, no evento no Morumbi.
Mas os indicativos de que há
desnível de tratamento entre as
questões o desmentem.
Com o time eliminado da Libertadores, Juvenal contratou
Ricardo Gomes e demitiu Muricy Ramalho na sexta-feira. O
novo técnico só se apresenta
hoje, a três dias do próximo jogo são-paulino no Nacional.
É um sinal da nova prioridade do clube. As contas do São
Paulo refletem essa tendência.
Apesar de seis contratações
em 2009, houve uma pequena
queda dos gastos com contratos de direito de imagem.
Para este ano, estavam previstos custos de R$ 13,820 milhões, contra R$ 14,325 milhões de 2008. Não houve grande variação no valor pago pelo
contrato de trabalho. Explica-
-se: houve dispensas de quase o
mesmo número de jogadores.
Jancarlos, Júnior, Éder Luis,
Anderson e Juninho saíram.
"Está dentro do orçamento.
Ficou mais ou menos a mesma
coisa do ano passado [a folha
salarial do time]", contou o diretor financeiro são-paulino,
Oswaldo Vieira de Abreu.
Antes, a folha subia com o
crescimento das receitas.
Os valores devem cair com a
saída de Muricy, que ganhava
cerca de R$ 300 mil, mais do
que o dobro de Ricardo Gomes.
Os laterais Joílson e Wagner
Diniz foram dispensados em
2009. Marlos e Jean Holt, este
bem mais barato, chegaram.
No Morumbi, nos últimos
seis anos, foram gastos R$ 20
milhões com modernizações.
Só que a conta promete ficar
bem mais salgada com a Copa-
-2014. O orçamento inicial para
a reforma do Morumbi era de
R$ 136 milhões. Mas o projeto
foi atacado pela Fifa e o gasto
deve atingir R$ 300 milhões,
especialmente se o clube quiser
mesmo o jogo de abertura.
Assim como os dirigentes do
futebol, Vieira de Abreu negou
que os investimentos no estádio minem o time. "Não afetaria. Desde que se encontrem
parceiros para as reformas",
disse o cartola. Até agora, há
contrato com a Visa.
O São Paulo tem visto crescimento de receitas do Morumbi,
que hoje rende quase R$ 20 milhões por ano. Só que, com a
crise, ainda não houve vendas
de jogadores. E essa receita foi
de R$ 30 milhões em 2008.
Em compensação, a dívida
bancária cresceu em 2008: era
de quase R$ 50 milhões no fim
do ano. Sem sobra de dinheiro,
e com uma arena para reformar, o clube tende a minimizar
as atenções com seu time.
Colaborou MARIANA BASTOS, da
Reportagem Local
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