São Paulo, quarta-feira, 24 de junho de 2009

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Morumbi vira ameaça ao futebol do São Paulo

Por Copa, gastos do clube com estádio crescem e os com o elenco têm freio

Em meio à crise do time, diretoria faz lobby com o governo por Morumbi e novo técnico assume hoje, cinco dias depois de acertar


RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando o São Paulo entrou em crise nos últimos anos, era certo surgir o presidente Juvenal Juvêncio. Pressionava jogadores e comissão técnica, aparecia na imprensa para dar explicações e segurava o treinador. O time reerguia-se.
Foi diferente neste ano. O cartola tem se dedicado mais ao projeto do Morumbi para a Copa-2014, atacado pela Fifa. Ontem, acompanhava o presidente Lula em visita ao estádio.
"O futebol é importante. A Copa é importante. O São Paulo tem estrutura para lidar com as duas questões", disse Juvenal, ontem, no evento no Morumbi.
Mas os indicativos de que há desnível de tratamento entre as questões o desmentem.
Com o time eliminado da Libertadores, Juvenal contratou Ricardo Gomes e demitiu Muricy Ramalho na sexta-feira. O novo técnico só se apresenta hoje, a três dias do próximo jogo são-paulino no Nacional.
É um sinal da nova prioridade do clube. As contas do São Paulo refletem essa tendência.
Apesar de seis contratações em 2009, houve uma pequena queda dos gastos com contratos de direito de imagem.
Para este ano, estavam previstos custos de R$ 13,820 milhões, contra R$ 14,325 milhões de 2008. Não houve grande variação no valor pago pelo contrato de trabalho. Explica- -se: houve dispensas de quase o mesmo número de jogadores.
Jancarlos, Júnior, Éder Luis, Anderson e Juninho saíram.
"Está dentro do orçamento.
Ficou mais ou menos a mesma coisa do ano passado [a folha salarial do time]", contou o diretor financeiro são-paulino, Oswaldo Vieira de Abreu.
Antes, a folha subia com o crescimento das receitas.
Os valores devem cair com a saída de Muricy, que ganhava cerca de R$ 300 mil, mais do que o dobro de Ricardo Gomes.
Os laterais Joílson e Wagner Diniz foram dispensados em 2009. Marlos e Jean Holt, este bem mais barato, chegaram.
No Morumbi, nos últimos seis anos, foram gastos R$ 20 milhões com modernizações.
Só que a conta promete ficar bem mais salgada com a Copa- -2014. O orçamento inicial para a reforma do Morumbi era de R$ 136 milhões. Mas o projeto foi atacado pela Fifa e o gasto deve atingir R$ 300 milhões, especialmente se o clube quiser mesmo o jogo de abertura.
Assim como os dirigentes do futebol, Vieira de Abreu negou que os investimentos no estádio minem o time. "Não afetaria. Desde que se encontrem parceiros para as reformas", disse o cartola. Até agora, há contrato com a Visa.
O São Paulo tem visto crescimento de receitas do Morumbi, que hoje rende quase R$ 20 milhões por ano. Só que, com a crise, ainda não houve vendas de jogadores. E essa receita foi de R$ 30 milhões em 2008.
Em compensação, a dívida bancária cresceu em 2008: era de quase R$ 50 milhões no fim do ano. Sem sobra de dinheiro, e com uma arena para reformar, o clube tende a minimizar as atenções com seu time.


Colaborou MARIANA BASTOS, da Reportagem Local


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