Com Marta pouco inspirada, time faz "apenas" 2 a 0 no México no Maracanã

Diante de cerca de 20 mil torcedores, equipe feminina abusa de lances individuais e só após mudar postura vence, mas sem goleada

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de tirar o "sapato alto", a seleção feminina garantiu ontem vaga na final do Pan ao derrotar as mexicanas, por 2 a 0, no Maracanã. Foi a primeira vitória da equipe sem golear no torneio. Até então, as brasileiras já haviam marcado 26 gols em apenas quatro jogos.
Diante de cerca de 20 mil torcedores, o time abusou das jogadas individuais e encontrou dificuldades para superar a retranca adversária. Destaque da competição, a meia-atacante Marta teve uma atuação discreta. Eleita melhor jogadora do mundo pela Fifa no ano passado, a alagoana de 20 anos é a artilheira da competição, com dez gols em quatro partida.
"A dificuldade foi criada pelo nosso próprio time. Havia um individualismo muito grande no primeiro tempo. A hora não era de sapato alto. No intervalo, conversamos, corrigimos algumas coisas, e o resultado saiu. Não viemos para dar espetáculo. O nosso objetivo principal é chegar à final", disse o técnico do time, Jorge Barcellos.
Os gols da seleção foram marcados em jogadas de bola parada no segundo tempo. Os dois foram marcados pela ala-esquerda Rosana. O primeiro na cobrança, com estilo, de uma falta próxima da área mexicana. O último gol saiu ao Rosana completar de cabeça, na primeira trave, um escanteio cobrado pela direita.
"Fiquei maluca. Nunca havia feito dois gols em uma partida pela seleção. A emoção foi ainda maior por poder comemorá-los aqui no Maracanã", disse a ala, que joga há três anos na Áustria. Na Europa, ela atua como atacante no Sveulengbach.
Já Marta deixou o estádio sem dar entrevista. Mesmo assim, o treinador defendeu a jogadora. "Ela é especial. Uma pessoa não consegue jogar sempre 100%", disse o treinador. Na partida anterior, ela marcou cinco gols na goleada sobre as canadenses, por 7 a 0, também no Maracanã.
Apesar das críticas do treinador, as jogadoras negaram que o time tenha atuado ontem de forma displicente. "Não foi isto. Foi mais a ansiedade do time pelo gol não ter saído no primeiro tempo", disse a capitã da equipe, Aline Pellegrino.
O Brasil segue com sua defesa intacta no Pan. Agora, são 28 gols marcados e nenhum sofrido. A equipe venceu as cinco partidas que fez até agora.
Os EUA, rivais na final de quinta-feira, já perderam uma partida (3 a 2 para o México) na fase de grupos e suaram ontem para derrotar o Canadá por 2 a 1 -as canadenses haviam perdido das brasileiras na primeira fase por 7 a 0. Os dois gols norte-americanos ontem foram marcados pela atacante Lauren Cheney. Kara Lang descontou no fim do jogo para o Canadá.
Caso vença a partida de quinta-feira, a seleção brasileira será bicampeã dos Jogos Pan-Americanos. Em 2003, as norte-americanas não disputaram a competição, o que facilitou o caminho do Brasil ao ouro.
Os EUA, maior potência da modalidade, derrotaram a seleção brasileira na disputa pelo ouro na Olimpíada de Atenas em 2004 em uma partida dramática. As norte-americanas já conquistaram dois Mundiais.


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