São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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novo golpe

Conselho deve determinar fim da parceria com MSI

Corintianos se reúnem no Parque São Jorge para encerrar acordo válido até 2014, mas que, na prática, já terminou

Rescisão unilateral não colocará fim aos problemas, já que MSI pode ir à Justiça para discutir a questão e exigir multa milionária


EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma parceria que já deixou de existir, na prática, desde junho do ano passado, sofrerá novo golpe do Conselho Deliberativo do Corinthians.
O acordo com a MSI, que começou em dezembro de 2004 e deveria durar dez anos, sustentou-se por pouco mais de um ano e meio e se encerra de forma vergonhosa para o clube.
Nesse período, o time ganhou um título, o Brasileiro de 2005, mas acumulou uma enorme dívida, que ultrapassa os R$ 53 milhões, segundo a diretoria, e viu seus principais dirigentes réus em processo na Justiça por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Mas o veredicto do Conselho sobre o acordo não encerra a página Corinthians/MSI. A discussão sobre a seqüência da parceria deve ir aos tribunais.
Os corintianos alegam que a parceira descumpriu o acordo e que, por isso, tem base legal para romper o contrato unilateralmente. A MSI sempre alegou que cumpriu todas as suas obrigações com o departamento de futebol e pode cobrar, na Justiça, multa rescisória que deve superar os US$ 25 milhões (cerca de R$ 50 milhões).
Hoje à noite, os conselheiros corintianos devem colocar apenas uma pá de cal no acordo que, de fato, deixou de existir.
Desde junho de 2006, a MSI parou de mandar recursos para o clube, que, por sua vez, reassumiu o controle do departamento de futebol. A inviabilidade do negócio se tornou oficial na semana passada, quando a Justiça Federal determinou o bloqueio das contas da empresa, alegando que os recursos recebidos são provenientes de atos ilegais do magnata russo Boris Berezovski, apontado como principal investidor da MSI.
Ele, Kia Joorabchian, presidente da parceira, e Nojan Bedroud, diretor da MSI, tiveram prisão provisória decretada.
Os problemas fizeram o Cori (Conselho de Orientação corintiano) montar uma comissão para discutir a continuidade ou não do acordo.
O grupo, na semana passada, chegou à conclusão, após receber documentos de Heraldo Panhoca, advogado do clube, de que a parceria deve ser encerrada. Com o parecer dessa comissão, é certo no clube que a maioria dos conselheiros vai votar pelo fim do negócio.
A decisão não agrada ao principal líder oposicionista, Andrés Sanches, amigo de Kia. Ele tentou articular a continuidade do acordo, mas, pressionado por seus pares, orientará seu grupo a votar pelo encerramento. Na reunião que definiu pelo fim da parceria, 11 membros da comissão votaram a favor, e dois, Marlene Matheus e Raul Corrêa da Silva, ligados a Sanches, abstiveram-se.
Pesa contra o acordo o fato de Alberto Dualib não ter cumprido promessas de que traria dinheiro. Com Renato Duprat, que virou seu braço direito, o cartola viu fracassar as tentativas de trazer Berezovski ao país. Com isso, a maioria dos aliados do presidente o deixou.
Em menos de um mês, seis vices pediram demissão. "O Renato Duprat destruiu o Farah na federação paulista e agora vai acabar com o Dualib", analisa o conselheiro Edgard Soares.


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