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Saudação a Ronaldinho, Rink e Muricy
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
O Brasil começa hoje a disputar
mais uma Copa meia-boca.
Boa chance para treinar a rapaziada que ainda está em idade
olímpica. Além disso, num torneio com menos tradição e importância do que a Copa América,
Wanderley Luxemburgo poderá
testar opções diferentes de jogo.
A questão é: estará ele disposto a
ousar? A julgar pela decisão de
atuar hoje com três volantes contra a desfalcada Alemanha, tudo
indica que não.
A partida de hoje terá mais graça se Paulo Rink jogar. Talvez não
seja um fato inédito, mas é no mínimo insólito ver um brasileiro
(naturalizado alemão) atuar contra seu próprio país.
Deve ser uma sensação muito
estranha, para o atacante do Santos, ver-se inimigo de uma camisa
que ele, como todo menino brasileiro, algum dia sonhou vestir.
Disputando a bola com a nossa
zaga, Paulo Rink será a imagem
perfeita do ""estrangeiro em seu
próprio país".
Outra particularidade de Brasil
x Alemanha é que as duas seleções, embora tenham vencido, em
conjunto, 7 das 16 Copas do Mundo, nunca se enfrentaram em um
Mundial. O jogo que chegou mais
perto disso foi Brasil 1 x 0 Alemanha Oriental, na Copa de 1974,
disputada justamente na Alemanha (Ocidental) e vencida pela
dona da casa.
Muita gente tem se mostrado
preocupada com o súbito estrelato
de Ronaldinho e com os possíveis
efeitos nefastos que o fato poderá
ter sobre o futebol e a personalidade do jogador.
Quem parece estar menos se importando com isso é o próprio garoto, sobre quem todos os olhos estarão voltados hoje. Não é pecado
torcer por um golaço.
Início de Brasileiro desperta
poucas emoções, principalmente
quando sabemos que só a primeira fase vai durar quase quatro
meses. O interesse maior -pelo
menos o meu- está em observar
como os contratados vão se adaptar a seus novos clubes e em rever
times que estiveram por muitos
anos fora do Brasileirão, casos de
Gama e Botafogo-SP.
Confesso que tenho uma enorme simpatia pelo clube de Ribeirão Preto. Não só porque revelou
ao país os irmãos Sócrates e Raí,
mas também porque seu técnico é
o valoroso Muricy, com quem tive
o prazer de jogar no primeiro time
dente-de-leite do São Paulo, lá se
vão três décadas.
A diferença é que ele era o craque maior do time e eu era reserva de lateral (em qualquer uma
das duas: fui um não reconhecido
precursor do César Prates).
Pronto. Esse foi o pretexto que
encontrei para responder aos críticos e aos leitores que disseram
que só defendi Edílson do linchamento porque nunca joguei futebol na vida.
E não foi só na infância. A modéstia quase me impede de dizer
que, na idade adulta, integrei a legendária Máquina Vermelha, time que marcou época na USP a
partir do final dos anos 70, menos
talvez por sua performance em
campo (um tanto prejudicada pela alta concentração etílica no
sangue de seus jogadores), e mais
pela alegria da turma (intensificada pela mesma razão).
Portanto, joguei sim. Aliás, ainda jogo, ou pelo menos tento. Se
alguém souber de um time que tenha uma vaga de meia direita
(depois de uma certa idade, todo
mundo vira Armandinho), é só
falar. Cartas à redação.
E-mail jgcouto@uol.com.br
José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras e aos sábados
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