São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2001

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FUTEBOL

Texto de deputado tucano afirma que dinheiro tem finalidade eleitoral


CBF doou R$ 12,5 milhões às filiadas, afirma relatório

DO PAINEL FC

As federações que ontem demonstraram apoio a Ricardo Teixeira, presidente da CBF, receberam entre 1998 e 2000 pelo menos R$ 12,5 milhões em doações da entidade. É o que afirma relatório elaborado por deputados que fizeram parte da CPI da CBF/Nike, encerrada em junho na Câmara.
O repasse do dinheiro, que ainda continua, é feito a título de auxílio às federações deficitárias. Mas, segundo os deputados, também é utilizado politicamente.
Segundo eles, as doações aumentaram nos meses que antecederam eleição na CBF -1999- e no país -1998 e 2000.
As federações Paulista, Pernambucana e Baiana foram as únicas que dispensaram a doação.
Coincidência ou não, o presidente da Federação de Pernambuco, Carlos Alberto de Oliveira, é o único que não declarou apoio a Teixeira. Ele não compareceu ontem à reunião de presidentes para formalizar solidariedade.
Eduardo José Farah, da Federação Paulista, também faltou, mas mandou um representante.
O relatório, elaborado pelo deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), atacou a relação da CBF com as federações. O texto, no entanto, não chegou a ser votado pela CPI.
Ricardo Teixeira questionou o texto e afirmou ter sido ele um ataque político, com acusações inverídicas e sem representatividade oficial, já que não foi aprovado pela própria comissão.
O presidente da CBF, em depoimento à Câmara, disse ser sua obrigação auxiliar as federações e negou utilizar o dinheiro para pressionar politicamente os presidentes de federações, que votam no processo eleitoral da entidade.
Não há ilegalidade nas doações, já que pelo sistema federativo do futebol, a CBF é a entidade máxima e deve zelar pelas federações.
Mas, segundo os deputados que assinam o relatório, as doações às federações estão relacionadas às campanhas eleitorais na entidade e também no país.
Diz o relatório: "Em 1998, as doações intensificaram-se no período eleitoral, a partir de setembro, e chegaram ao máximo em dezembro desse ano, estendendo-se até janeiro de 1999, num valor total de R$ 1.885.768,00. Em 1999, as doações se mantiveram iguais durante o restante do ano, na faixa de R$ 300 mil por mês. Em 2000, ano das eleições municipais, novamente as doações intensificaram-se depois de agosto."
Ainda de acordo com os deputados da extinta CPI, a CBF também fez doações para presidentes de federações que disputaram eleições municipais e para Assembléias Estaduais.
O presidente da Federação do Acre, Antônio Aquino Lopes, recebeu duas doações, de R$ 25 mil e de R$ 32,5 mil, para sua campanha eleitoral em 1998.
"São dois tipos de doações. A primeira é uma conta corrente, na qual a CBF repassa para as federações e ela pode ser compensada por apoio político, não por devolução de dinheiro", afirmou o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que foi sub-relator do caso.



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