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BOXE
Dias de glória
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo que seja por apenas
alguns momentos, de alguma forma, os anos dourados do
boxe brasileiro serão revividos
amanhã, em Buenos Aires, quando o veterano manager Abraham
Katzenelson voltar a trabalhar
em um córner. Não que o combate seja de tanta importância, ao
menos para os padrões do próprio
Katzenelson. Trata-se da revanche entre o meio-pesado brasileiro Peter Venâncio e o argentino
Jorge Castro, ex-campeão mundial -o primeiro combate, em
abril, terminou empatado.
Mas para quem não sabe, Katzenelson, 84, funcionou como
manager, por 18 anos, do ex-campeão mundial dos galos e penas
Eder Jofre. Aliás, durante o reinado de Jofre, foi eleito, em uma votação anual organizada pela Associação Mundial de Boxe, o segundo melhor manager. O vencedor foi Angelo Dundee, à época
mentor do então campeão dos pesos-pesados Muhammad Ali.
O rompimento entre Jofre e
Katzenelson, nas etapas finais da
carreira de Jofre, foi marcado por
troca de acusações entre as partes
envolvidas. Posteriormente, fizeram as pazes, e Jofre confirmou
que hoje é um dos frequentadores
da pizzaria Conexão de Katzenelson (toda decorada com centenas
de fotos de Katzenelson ao lado
de campeões e figuras conhecidas
que conheceu ao longo dos anos),
localizada na Santa Cecília.
Aliás, foi no local onde hoje funciona a pizzaria que ficava nos
anos 60 o escritório de promoção
de lutas de Katzenelson. Atualmente, para dar um certo aspecto
folclórico à trajetória de Katzenelson, o número do telefone da
pizzaria é fornecido como um dos
contatos da Confederação Brasileira de Boxe Profissional (não
confundir com a Confederação
Brasileira de Boxe). É curioso
imaginar alguém que ligue procurando informações sobre boxeadores ser saudado com ""pois
não, qual o sabor que deseja?".
E a força da grife construída por
Katzenelson, semi-aposentado
para o pugilismo, ainda pode ser
sentida. Vez por outra, empresários estrangeiros enviam ofertas
para ele levar brasileiros para lutar no exterior, como em 1996,
quando ele dirigiu Giovano Andrade em Los Angeles contra o
campeão dos supermoscas
Johhny ""Mi Vida Loca" Tapia.
Além de Andrade, Katzenelson
levou a disputas de título Juarez
de Lima, Maurício Amaral, Raimundo Dias, Francisco de Paula e
Sidney Dal Rovere. Também trabalhou no córner do pesado Luís
Faustino Pires quando este lutou
com George Foreman, no início
da carreira do futuro campeão.
A atividade como manager vem
diminuindo, por causa da idade e
de problemas de saúde (foi obrigado a usar aparelho auditivo).
Mas ele não perdeu a lucidez, a
sagacidade ou o humor: às vezes
brinca com amigos fazendo-se de
surdo e divertindo-se com as reações de constrangimento deles.
No último final de semana, o filho de Katzenelson, Mauro, promoveu programação envolvendo
o peso-pesado Adenilson Rodrigues, o Maguilinha (um dos filhos
de Adilson Rodrigues, o Maguila), e o supergalo Jairo Moura,
que no amadorismo superou por
pontos Acelino Freitas, o Popó.
Um tipo de programação que não
se compara às que Katzenelson
estava acostumado em seu auge.
Mas, ao menos em sua própria
mente, o veterano Katzenelson
voltará a seus dias de glória uma
vez mais, ao comandar um córner, na programação de amanhã.
Programação 1
A Paulibox, a liga de boxe do litoral paulista, organiza amanhã sua
primeira programação, o torneio amador Boxvicentino, no centro
esportivo de São Vicente, às 19h. A entrada será um quilo de alimento não-perecível, destinado ao fundo social do município.
Programação 2
O campeão brasileiro dos pesados, George Arias, acertou, verbalmente, desafio com o argentino Fabio Moli, para o próximo dia 7.
Programação 3
A noitada, prevista para semana passada, com Daniel Frank, algoz
de Maguila, e o meio-pesado Lino, acontece amanhã.
Resultado
O peso-pena Agnaldo Nunes foi ouro no Pan de Porto Rico, encerrado no fim de semana. O Brasil conquistou mais seis bronzes.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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