São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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Rio tenta surpreender San Antonio na escolha da sede dos Jogos de 2007

Pan move Brasil contra EUA e atraso de 39 anos

ADALBERTO LEISTER FILHO
EDUARDO OHATA
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma eleição que promete ser disputada, entre Rio de Janeiro e San Antonio, define hoje a sede do Pan-Americano de 2007. A escolha será a decisão mais importante da 40ª Assembléia da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), que será encerrada hoje na Cidade do México.
"Sinceramente, não sei quem vai ganhar. A escolha da sede não é um jogo de cartas marcadas, mas de disputa acirrada entre duas candidaturas muito sólidas", disse Mario Vázquez Raña, presidente da Odepa, à Folha.
Os 42 países-membros da entidade têm direito a voto -os nove que já foram sede de Pan-Americano votam duas vezes, totalizando 51. Para vencer a eleição, assim, são necessários 26 votos.
Na reta final da disputa, os EUA já se consideram vitoriosos. Maior potência do planeta, o país foi sede, nos últimos anos, da Olimpíada de Atlanta-1996, e dos Jogos de Inverno de Salt Lake City, realizados neste ano.
O último Pan-Americano organizado no país foi em Indianápolis, em 1987. O Brasil, por outro lado, busca voltar ao cenário internacional de competições poliesportivas relevantes. Seu último Pan foi em São Paulo, há 39 anos.
Azarão na disputa, a candidatura brasileira, porém, saiu fortalecida após o país abrigar os Jogos Sul-Americanos, disputados neste mês, em quatro cidades -Rio, São Paulo, Curitiba e Belém.
"O Brasil mostrou capacidade de organização ao receber os Jogos Sul-Americanos tendo menos de quatro meses para se preparar", disse Vázquez Raña. "Mas não sei como isso irá influenciar a posição de cada um dos 42 países", completou o dirigente.
O jornal local "San Antonio Express-News" publicou texto no qual um eleitor diz que "San Antonio estava muito há frente, mas o Rio diminuiu a diferença".
A organização dos Jogos Sul-Americanos caiu quase de bandeja para o Brasil. Inicialmente, a competição, que nunca despertou maior interesse na região, seria em Córdoba. Contudo a crise argentina inviabilizou o evento.
Transferida para Bogotá, correu o risco de nem acontecer por causa dos problemas de segurança na Colômbia. Foi quando o Brasil se propôs a abrigar as provas.
Com três meses para organizar tudo, o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) também pôde intensificar seus contatos com dirigentes da Odesur (Organização Desportiva Sul-Americana) e fortalecer o lobby pela candidatura do Rio.
"Esperamos contar com os votos da maior parte dos membros da Odesur", disse Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB.
"Mas não podemos esquecer que estamos em uma disputa contra os EUA. Se eles quisessem, teriam condições de organizar uma Olimpíada a cada quatro anos", ponderou o brasileiro.
O comitê organizador da candidatura de San Antonio, por meio de um de seus maiores reforços, o governador do Texas, Ricky Perry, foi bastante crítico com relação ao seu adversário na disputa pelo Pan-Americano de 2007.
"Estive no Rio há 27 anos e vi que lá existem belas praias. Para mim, é isso que eles têm, belas praias", resumiu Perry, que viajou ao México para participar da reunião. "A pobreza no Rio é muito grande, e temos muito a oferecer em San Antonio."



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