São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Resignada, diretoria do Corinthians agora promete arrastar trâmites a fim de atrasar a estréia do meia pelo rival

Ricardinho é o novo "violino" do São Paulo

MARÍLIA RUIZ
MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ricardinho vai mesmo para o São Paulo, mas, antes disso, o Corinthians quer dar uma canseira no jogador e no rival.
No mesmo dia em que o clube do Morumbi anunciou oficialmente a contratação e marcou até a apresentação do jogador, Antonio Roque Citadini, vice de futebol corintiano, prometia arrastar o trâmite burocrático da transferência do pentacampeão.
A tática do Corinthians é não assinar o atestado liberatório do jogador antes de acertar com os advogados do meia a rescisão de seu contrato com o clube.
"A rescisão é unilateral. Nada pudemos fazer. Então vamos respeitar a sua decisão de deixar o clube. Mas existe um trâmite burocrático. Agora os advogados que se entendam. É a décima vez que eles anunciam a apresentação", afirmou Citadini, que confirmou ser Eduardo José Farah o intermediador do negócio.
Segundo o corintiano, o presidente da FPF é quem está representando os rivais nas tratativas. Pelo negócio, o São Paulo vai desembolsar R$ 5 milhões e ainda ceder uma porcentagem da próxima negociação do jogador. Segundo Marcelo Portugal Gouvêa, presidente do São Paulo, as cifras sairão dos cofres do clube. "Até deveríamos receber dinheiro [da FPF]. Tem time que ganha para construir estádio", disse o dirigente, em referência ao empréstimo cedido pela entidade para reforma da Fazendinha.
Alheios à vontade do Corinthians de retardar a liberação do atleta, os são-paulinos marcaram a apresentação de Ricardinho para a próxima terça-feira.
"Já está tudo acertado, mas não assinado. Só falta preparar os papéis. Se o Corinthians vai se sentar comigo para assinar o contrato, é porque é uma negociação amigável. Vamos assinar na segunda-feira. Espero que a torcida apóie", disse Gouvêa ontem.
Segunda-feira, entretanto, é quando os advogados de Ricardinho devem procurar os do Corinthians, segundo o vice-presidente de futebol corintiano, que, pela primeira vez, atacou o jogador que decidiu deixar o Parque São Jorge para ganhar cerca de R$ 16 milhões por quatro anos de contrato com o tome do Morumbi.
"O Ricardinho para gente já é um retrato na parede. Agora ele deve expressar clara e inequivocamente como foi a negociação com o São Paulo", esbravejou.
Ontem, pela primeira vez, o jogador falou sobre a sua transferência. Em nota divulgada em seu site, o meia revelou que a demora na conclusão das negociações se deu pelo fato de o Corinthians não encontrar quem pagasse mais do que o São Paulo por ele.
"Após a Copa recebi uma proposta muito boa para trabalhar no São Paulo e imediatamente me dirigi à diretoria corintiana. Sabendo da rivalidade que existe entre os clubes, dei todo o tempo para que o Corinthians tentasse uma negociação com outro clube, do exterior ou do Brasil, ou mesmo que viabilizasse minha permanência. (...) No final, a proposta do São Paulo continuou sendo a melhor para mim e para o Corinthians", disse.
A chegada de Ricardinho foi festejada por Kaká. "Ele tocará o violino da nossa orquestra."



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