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Reforço extracampo
Paraná mima mulheres e surpreende
Na luta por topo do Brasileiro, time tem diretora para entreter companheiras dos jogadores e resolver seus problemas
Para evitar depressão e solidão das mulheres, o que influencia atletas, clube as leva a trabalho voluntário
e as "ensina a pescar"
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres felizes e ocupadas.
Homens despreocupados. Esse
é um dos segredos do Paraná
neste Campeonato Brasileiro.
A maior surpresa do Nacional, que faz hoje no Morumbi,
diante do São Paulo, o confronto das duas equipes de melhor
aproveitamento na competição, "mima" as companheiras
de seus atletas para que estes fiquem com a cabeça arejada.
O clube curitibano, até o ano
passado um mero figurante na
competição, criou uma diretoria social para cuidar apenas do
seu futebol profissional.
A idéia foi do técnico Caio Júnior, 41. "A mulher do jogador é
solitária. Já vivi fora do Brasil e
sei como é isso. E mulher contente é uma forma de os jogadores interagirem dentro do
grupo e ficarem bem", justifica
o treinador, que passou oito
anos no exterior como atleta.
Para o cargo, foi indicada a
pedagoga Mabel Nunes, 43. "O
lado social da família é muito
importante. Quase todo o nosso elenco é formado por jogadores de fora do Paraná. Muitas
mulheres ficam à deriva nessa
situação. Sem atividades, o clima fica depressivo para elas",
diz a também funcionária pública sobre a sua função, que
não é remunerada pelo clube.
Seu trabalho está longe de ser
apenas a organização de chás
com companheiras de jogadores, como os que notabilizaram
Elza, a mulher de Antônio Lopes, ex-técnico do Corinthians.
"Visitamos hospitais. Vamos
fazer o trabalho de voluntárias
em asilos", diz Mabel, que ainda ajuda as mulheres dos paranistas em temas como aluguel e
escola para as crianças.
Mas ela repele comparações
de seu trabalho com o de uma
babá para adultos. "Eu ensino a
pescar. Não dou o peixe. Elas
precisam ver a realidade. Minha função não tem nada de assistencialismo", diz a diretora
do clube curitibano.
Até agora, a participação das
mulheres é um sucesso. Na última reunião, foram 28 companheiras, incluindo a de Caio Júnior. Além de encher a agenda
delas, o Paraná oferece pequenos agrados à tropa.
Chás de panela e de bebês (alguns combinados via Orkut) e
lugar marcado nos estádios são
alguns desses mimos.
Nos encontros, a tendência
inicial é a repetição do que
acontece no time, com a formação de grupos. Mas, segundo
Mabel, as mulheres têm mais
facilidade para fazer amizade.
Os jogadores aparecem
quando podem nas reuniões.
"Filam" salgadinhos no ambiente familiar do Paraná, que
ainda organiza semanalmente
churrasco para os jogadores. "O
clube ainda é meio anos 80,
com um lado amador", diz Caio
Júnior, sobre o relacionamento
entre jogadores e familiares.
Mabel comemora a bom momento do clube, mas crê que
seu trabalho terá o grande teste
quando o Paraná deixar a atual
fase -além da campanha no
Brasileiro, o clube foi campeão
estadual no primeiro semestre.
"Quando o time estiver em
fase ruim é que os jogadores
vão precisar do apoio das mulheres", afirma. E, se isso ocorrer, o Paraná espera ter mulheres poderosas e não frágeis e
inexperientes garotas.
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