São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2007

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Agora, McLaren "enclausura" pilotos

Time isola Hamilton e Alonso longe do circuito na Turquia para evitar que sejam indagados sobre crise

Max Rossi
Felipe Massa, titular da Ferrari, e Nelsinho Piquet, piloto de testes da Renault, conversam em Istambul, que abriga o GP turco de F-1


TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A ISTAMBUL

Em Montréal, o pedido de silêncio não deu certo. Em Budapeste, a lei da mordaça funcionou. E ontem, em Istambul, a McLaren radicalizou de vez.
Transferiu as reuniões que aconteceriam no circuito turco para o hotel em que sua dupla de pilotos está hospedada, no centro da cidade, e os proibiu de aparecer no paddock.
No Canadá, a idéia era não dar continuidade ao mal-estar provocado após o GP de Mônaco, quando Ron Dennis, chefe da McLaren, admitiu abertamente que havia privilegiado Fernando Alonso em detrimento de Lewis Hamilton.
Na Hungria, o "assunto proibido" era o escândalo de espionagem em que a equipe está envolvida -seu projetista-chefe é acusado de ter em mãos informações secretas da Ferrari.
Agora, porém, o motivo é mais grave. A equipe tenta a todo custo evitar que Hamilton e Alonso sejam bombardeados com perguntas sobre o que ocorreu em Budapeste. Há duas semanas, o espanhol bloqueou seu companheiro na classificação, foi punido pela FIA e ainda fez o time ficar sem os pontos que conquistou para o Mundial de Construtores.
A McLaren alega que a razão para ter deixado seus pilotos no hotel, algo raro nas quintas-feiras que antecedem GPs, foi a distância entre o centro de Istambul e o circuito.
Dependendo do trânsito, que é geralmente caótico na cidade, o percurso de cerca de 40 km -composto em sua maioria por auto-estradas- pode demorar até mais de uma hora.
Neste ano, para piorar ainda mais o trajeto, só os motoristas que possuem o cartão para o pedágio com sistema automático de cobrança podem cruzar a principal ponte que liga a parte européia da cidade com a porção asiática, onde fica o autódromo. O problema é que muitos não sabem disso e acabam formando uma fila ainda maior nos pedágios.
Por esse motivo, muitos times preferem ficar mais perto do circuito e longe do centro.
Os pilotos da McLaren só apareceram ontem em compromissos com patrocinadores. Alonso, que participou de uma corrida de kart, exibiu visual novo -está de barba.
A decisão da equipe inglesa, como era de se esperar, gerou muita polêmica no paddock ontem, tanto que desde pilotos até o dono da categoria resolveram palpitar. "Não me surpreende que não tenham aparecido, eles [as equipes] se comportam como crianças", disse Bernie Ecclestone, homem forte da F-1.
Entre os pilotos, as opiniões ficaram divididas. Os dois mais experientes da categoria, Rubens Barrichello e David Coulthard, não vêem problema na atitude. "Quinta-feira geralmente é um dia morto. Tive uma reunião cedo e terei outra mais tarde", falou Barrichello.
"Na verdade, na primeira vez que eu fiz isso, acabei tendo sorte", disse Coulthard. "Foi naquele final de semana que venci minha primeira corrida."
Para os mais jovens, um dia a mais no circuito é importante. "Em outras categorias, eu chegava dois dias antes e nem tinha o que fazer. Agora é diferente, tenho reuniões, falamos sobre o carro, há muito o que fazer", afirmou Felipe Massa.

NA TV - Treino livre para o GP da Turquia
Sportv, ao vivo, às 8h

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