São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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JUCA KFOURI

Entre técnicos, dopings e psicólogas


Dunga foi eleito pela desimportância da função, a campeã delicada e a psicóloga que o COB não queria

É POSSÍVEL , embora seja incomum, alguém entender de um tema de que não goste. Não é o caso de Ricardo Teixeira. Ele não não gosta e não entende de futebol. Nem um pouquinho. Que ele não gosta é tão simples demonstrar com a mera constatação de que ninguém se lembra dele num estádio antes que assumisse a presidência da CBF, em 1989. E, mesmo depois, sua presença é raríssima. Que não entende ele deu mais uma prova ao escolher Dunga como técnico da seleção. (E, atenção: a coluna não faz campanha contra ou a favor de ninguém nem considera Dunga o responsável maior por qualquer fiasco. Além de fazer questão de não bajular técnico quando está por cima nem massacrá-lo quando por baixo). Porque ao escolher o substituto de Carlos Alberto Parreira depois do fiasco na Alemanha, ainda lá, na noite em que a França eliminou o Brasil com uma atuação inesquecível de Zinedine Zidane, Teixeira teve uma longa conversa com um seu amigo, importante empresário da área de comunicação no Brasil. E, ao responder se estava pensando já em novo técnico para o time da CBF, o cartola respondeu que, "com os jogadores que o país tem, o treinador pode ser qualquer um". Exceção feita à escolha de Luiz Felipe Scolari para a Copa de 2002, quando se respaldou em pesquisas para elegê-lo, Teixeira invariavelmente foi na onda de outros ou limitou-se a testar sua intuição. Sebastião Lazaroni, por exemplo, na Copa de 1990, foi opção de Eurico Miranda, então diretor de seleções da CBF. Quem indicou Parreira e Zagallo para 1994 foi João Havelange, baseado ainda na Copa de 1970, situação que perdurou para 1998, já sem Parreira, que foi mais do mesmo em 2006. Os que ficaram por conta de Teixeira foram Paulo Roberto Falcão, uma aposta de que ele faria o que Franz Beckenbauer fez pela Alemanha, e Emerson Leão, que o cartola traiu rapidamente. A exceção foi Vanderlei Luxemburgo, entre as Copas da França e da Ásia, que era uma unanimidade nacional derrubada pelos escândalos em que se meteu. Ao escolher Dunga, Teixeira não só repetiu o erro cometido com Falcão, mas o fez convencido de que Dunga ou um cone seriam a mesma coisa, com a vantagem do perfil disciplinador que o técnico tinha como capitão do tetra e que um cone, claro!, não tem. Cones, certamente, no entanto, fariam melhor pela CBF...

A escolha de Sophia
Ao dedicar a Sophia, sua filha, o salto de mais de 7 m que valeu ouro, Maurren Maggi não mencionou que nenhum cartola a defendeu na suspensão por doping, nem mesmo depois que a repórter Luciana Ackerman provou que não havia doping algum, ao usar o mesmo creme de depilação. Campeã e fina.

Quase cortada
Os cartolas não queriam pagar, mas José Roberto Guimarães e as meninas pressionaram para que a psicóloga Sâmia Hallage fosse a Pequim. Mesmo assim, ela teve que ficar em hotel, longe da Vila Olímpica. E foi fundamental para a ótima campanha do vôlei feminino.

blogdojuca@uol.com.br


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