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Diretoria libera pressão a atletas
Cartolas são-paulinos permitem entrada de organizadas em treino para cobrar os jogadores
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO
Derrotados pelo Corinthians e próximos da zona de
rebaixamento do Brasileiro,
os jogadores são-paulinos tiveram seu dia de expiação
pública provocado pela própria diretoria do clube.
A cúpula do São Paulo liberou a entrada de torcidas
organizadas no CT ontem. Ficaram ao lado da porta do
vestiário, onde cobravam os
jogadores que passavam.
Eram cerca de 40 torcedores, que entraram depois do
treino e foram à arquibancada, acima dos vestiários.
Eram separados dos jogadores apenas por uma grade.
Dali, os torcedores gritavam aos atletas para chamá-
los. Quem tentava sair discretamente, como o meia Marlos, era intimidado a voltar.
Ao parar de frente aos interlocutores, os jogadores
quase só ouviam, pouco falavam. Eram dedos apontados
em riste, gestos exacerbados
e cobranças. Sem violência.
Houve alguns hostilizados, como Cléber Santana,
Alex Silva e Renato Silva,
chamados de "baladeiros".
Os dois primeiros pararam
para falar com os torcedores.
Outros jogadores, como Júnior César, Jean e Marlos,
também foram conversar.
"Os culpados somos nós. Todos temos uma parcela de
culpa. Somos nós que estamos lutando em campo, não
interessam as condições",
disse Jean, em entrevista.
Mas houve também gritos
de apoio, pedidos de camisa
e autógrafos. E até quem clamasse pela volta de Dagoberto, que é criticado pela maioria dos torcedores, à equipe.
A cara de constrangimento
da maioria dos atletas era visível enquanto tinham de ouvir os insatisfeitos. Seguranças tentavam manter a imprensa afastada da cena.
A entrada das organizadas
no CT foi negociada com Zé
Carlos, administrador do local, onde havia reforço de segurança e policiais. Mas o
presidente são-paulino, Juvenal Juvêncio, estava ali durante o treino e sabia da presença dos torcedores.
O vice de futebol são-paulino, Carlos Augusto de Barros e Silva, explicou que foi
aceita a entrada das organizadas para evitar um confronto com os seguranças
quando eles estavam à porta.
"Não imagino que é para
pressionar os jogadores. Vieram [torcedores] com o interesse de reverter a situação
[do time]", afirmou o dirigente. "Claro que um pode falar
algo [mais hostil]. Isso ocorre
em situações tribais", disse.
O cartola se reuniu com
líderes das organizadas, a
portas fechadas. Quando
saía, um dos torcedores gritou que ele deveria "dar linha
do São Paulo [ir embora]".
Acabou repreendido por um
dos líderes de uma torcida organizada. "Está vacilando."
Na pressão no CT são-paulino, a culpa não foi dividida.
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