São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2010

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Diretoria libera pressão a atletas

Cartolas são-paulinos permitem entrada de organizadas em treino para cobrar os jogadores

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO

Derrotados pelo Corinthians e próximos da zona de rebaixamento do Brasileiro, os jogadores são-paulinos tiveram seu dia de expiação pública provocado pela própria diretoria do clube.
A cúpula do São Paulo liberou a entrada de torcidas organizadas no CT ontem. Ficaram ao lado da porta do vestiário, onde cobravam os jogadores que passavam.
Eram cerca de 40 torcedores, que entraram depois do treino e foram à arquibancada, acima dos vestiários. Eram separados dos jogadores apenas por uma grade.
Dali, os torcedores gritavam aos atletas para chamá- los. Quem tentava sair discretamente, como o meia Marlos, era intimidado a voltar.
Ao parar de frente aos interlocutores, os jogadores quase só ouviam, pouco falavam. Eram dedos apontados em riste, gestos exacerbados e cobranças. Sem violência.
Houve alguns hostilizados, como Cléber Santana, Alex Silva e Renato Silva, chamados de "baladeiros".
Os dois primeiros pararam para falar com os torcedores. Outros jogadores, como Júnior César, Jean e Marlos, também foram conversar. "Os culpados somos nós. Todos temos uma parcela de culpa. Somos nós que estamos lutando em campo, não interessam as condições", disse Jean, em entrevista.
Mas houve também gritos de apoio, pedidos de camisa e autógrafos. E até quem clamasse pela volta de Dagoberto, que é criticado pela maioria dos torcedores, à equipe.
A cara de constrangimento da maioria dos atletas era visível enquanto tinham de ouvir os insatisfeitos. Seguranças tentavam manter a imprensa afastada da cena.
A entrada das organizadas no CT foi negociada com Zé Carlos, administrador do local, onde havia reforço de segurança e policiais. Mas o presidente são-paulino, Juvenal Juvêncio, estava ali durante o treino e sabia da presença dos torcedores.
O vice de futebol são-paulino, Carlos Augusto de Barros e Silva, explicou que foi aceita a entrada das organizadas para evitar um confronto com os seguranças quando eles estavam à porta.
"Não imagino que é para pressionar os jogadores. Vieram [torcedores] com o interesse de reverter a situação [do time]", afirmou o dirigente. "Claro que um pode falar algo [mais hostil]. Isso ocorre em situações tribais", disse.
O cartola se reuniu com líderes das organizadas, a portas fechadas. Quando saía, um dos torcedores gritou que ele deveria "dar linha do São Paulo [ir embora]". Acabou repreendido por um dos líderes de uma torcida organizada. "Está vacilando."
Na pressão no CT são-paulino, a culpa não foi dividida.


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