São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2011

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TOSTÃO

Chega de lero-lero


A seleção sub-20, campeã mundial com méritos, tem muitos bons jogadores. Nenhum craque


O Brasil, campeão mundial sub-20, mostrou seu estilo, o mesmo da seleção sub-17, da principal e dos times brasileiros, de muita correria, velocidade nos contra-ataques, bolas aéreas, lançamentos longos, pouca troca de passes e muitos lances individuais e isolados. Não é o estilo que gosto. Muitas vezes, funciona.
A grande vantagem da seleção sub-20 sobre os adversários é que os jovens brasileiros ficam prontos mais cedo, na parte técnica e física. Quase todos atuam nas principais equipes. Isso é raro na Europa. Na prorrogação, enquanto os espanhóis e portugueses estavam mortos, os brasileiros não paravam de correr.
Esse amadurecimento precoce, por vários motivos, deixa de ser vantagem após os 20 anos, quando passam a enfrentar times melhores e do mesmo nível físico.
O Brasil produz um grande número de jogadores altos, fortes, com boa técnica, porém poucos são excepcionais. O único jovem com grandes chances de se tornar, nos próximos anos, um dos melhores do mundo é Neymar. Ainda não é. Isso reflete na seleção principal, que construiu sua história de títulos por ter, quase sempre, vários fora de série.
A maioria dos craques mostra que é especial antes dos 20 anos. Na seleção sub-20, há muitos bons jogadores, mas nenhum pinta como craque. Casemiro é o que vejo com mais possibilidade de se tornar titular e destaque da seleção principal.
Parafraseando Rubem Braga, procura-se, urgentemente, com grandes chances de não achar, um excepcional armador, defensivo e ofensivo, também chamado segundo volante. Casemiro é uma esperança.
Mano Menezes assumiu a seleção com o discurso de renovação e de mudar o estilo, que passaria a ter mais posse de bola, mais troca de passes e marcação mais à frente. Bastou perder para trazer de volta Ronaldinho, que, provavelmente, não estará tão bem na Copa de 2014. Contra fortes rivais, o técnico abandonou a ousadia, colocou mais um marcador no meio-campo e privilegiou o contra-ataque, como fazia Dunga. Não adiantou.
Um time pode ganhar e jogar bem com diferentes estilos. Muito mais importante que o estilo é o craque. Ainda mais se ele jogar numa equipe com o estilo que facilita para ele. Jogar como o Barcelona não é difícil. Impossível é jogar como Messi.
O Brasil, para formar um grande time, precisa de mais craques e de definir um estilo.
Belos discursos e entrevistas do técnico não resolvem. Chega de lero-lero.


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